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BYRON

Poemas, Cartas, Diários & C.

André Vallias (organização, tradução e introdução)

 

Uma seleção robusta de poemas e textos de Lord Byron (1788-1824) marca o bicentenário da morte daquele que podemos chamar de primeira celebridade da modernidade. Poesia, opinião e ativismo compõem essa personalidade fascinante que insiste em não desaparecer.

 

SINOPSE

George Gordon Byron (1788-1824), conhecido como Lord Byron, foi um ícone do Romantismo inglês e trilhou uma trajetória poética rica e diversificada, marcada por uma profunda exploração das emoções humanas e da condição existencial. Neste livro, com organização, tradução e introdução de André Vallias, os poemas, cartas e diários perpassam seis fases distintas da vida de Byron, e evoluiu sua escrita, moldada por experiências e eventos que marcaram sua vida.

Na infância e juventude (1798-1809) seus primeiros versos foram influenciados pelos clássicos e pelos poetas românticos de sua época, revelando um jovem melancólico e introspectivo, explorando temas como amor, perda e a beleza da natureza. Mais adiante (1809-1811), Byron alcançou fama internacional. Os poemas desta fase refletem suas viagens pela Europa, explorando temas como a solidão, o tédio e a busca por sentido na vida. Já consolidado como um dos poetas mais populares da Inglaterra, entre 1811-1816, seus versos tornaram-se mais sombrios e satíricos, abordando temas como política, sociedade e hipocrisia. Após ser exilado (1816-1819), o inglês encontrou refúgio na escrita, refletindo sua solidão e isolamento, explorando temas como a natureza, a morte e o amor. Nos últimos anos de vida (1819-1823), se torna uma verdadeira celebridade literária. Seus escritos geraram termos como "byromania" e "byronismo", atestando sua imensa popularidade na cultura da época, que teima em não desaperecer.

A obra de Byron é um reflexo de sua vida intensa e turbulenta. Seus poemas, marcados por uma grande variedade de temas e estilos, o consagraram como um dos maiores poetas do Romantismo, deixando um legado que continua a inspirar e fascinar leitores até os dias de hoje.

 

QUARTA CAPA

A mais abrangente antologia já feita em português da obra do controverso e vulcânico George Gordon Byron (1788–1824)

 

“Todas as convulsões terminam comigo em rima.”

“O que é Poesia? — O sentimento de um mundo
Anterior e um Futuro.”

“Sou como o tigre: se erro o primeiro pulo,
volto grunhindo para minha selva de novo;
mas se acerto, é esmagador.”

“A poesia [...] é a lava da imaginação
cuja erupção previne um terremoto.”

“Meu cérebro é feminino.”

“Nasci para oposição.”

 

96 poemas (edição bilíngue), cerca de 60 cartas, excertos de diários & textos variados

 

“André Vallias traduz Byron em grande espectro, com todos os traços e truques,
metros e mofas, do grande poeta, como quem estivesse bebendo um copo d’água.
Dá inveja.” Augusto de Campos

 

LORD BYRON (1788-1824)

Nascido em Londres em 1788, George Gordon Byron, 6º Barão Byron de Rochdale, mais conhecido como Lord Byron, foi um dos maiores poetas românticos ingleses e uma das figuras mais influentes do século XIX. Sua vida repleta de paixões, viagens, escândalos e envolvimento em causas políticas alimentou sua fama e inspirou inúmeras biografias.

 

Byron herdou o título de barão aos dez anos de idade. Sua vida pessoal foi marcada por uma série de polêmicas que o tornaram uma figura controversa e fascinante. Casado por um curto período, separou-se em meio a escândalos ligados a incesto deixando a Inglaterra, exilando-se na Europa. Suas viagens pela Europa, especialmente pela Grécia, alimentaram seu espírito romântico e revolucionário. Já no fim da vida envolveu-se ativamente na luta pela independência grega, onde, infelizmente, veio a falecer em 1824.

 

André Vallias (São Paulo, 1963) é um poeta visual, designer gráfico, produtor de mídia interativa e tradutor brasileiro. É formado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e, nos anos 1980, começou seu trabalho com poesia visual, tendo como orientadores Augusto de Campos e Omar Guedes. Residiu na Alemanha e foi curador da exposição Transfutur - poesia visual da União Soviética, Brasil e Países de língua alemã, em Kassel, e da mostra de poesia digital p0es1e-digitale dichtkunst, em Annaberg-Buchholz. Textos de sua autoria estão presentes em diversas antologias e foram publicados em revistas brasileiras e estrangeiras. É considerado um expoente da literatura digital. Em 2017, foi um dos autores convidados da Festa Literária Internacional de Paraty.

Em 2020 Ganhou o Prêmio Jabuti na categoria tradução com a obra Bertolt Brecht: Poesia publicado pela Editora Perspectiva.

 

COLEÇÃO

A coleção Signos, criada por Haroldo de Campos e dirigida por ele até 2003 e, atualmente, por Augusto de Campos, na qual o projeto gráfico e o textual definem uma produção poética de vanguarda e trouxe para o público brasileiro, quase sempre pela primeira vez, obras de Vasko Popa, Hopkins (A. de Campos), Heine, [Brecht] (André Vallias), Guenádi Aigui (Boris Schnaidermann e Jerusa Pires Ferreira) e Maiakóvski (Boris Schnaidermann, Augusto e Haroldo de Campos), de poetas brasileiros (Murilo Mendes, Affonso Ávila, Horácio Costa, Sebastião Uchoa Leite, José Lino Grünewald, Arnaldo Antunes) e clássicos da cena grega (Agamêmnon de Ésquilo, Antígone de Sófocles, Lisístrata e Tesmoforiantes de Aristófanes, em tradução de Trajano Vieira).

 

ORELHA, por Carlos Adriano

Quem conhece o trabalho de André Vallias sabe o que esperar deste livro – um abracadabra de rigor, criatividade e conhecimento em harmonia e potência proverbiais. Como sugere o que estampa a capa do volume, a meticulosa e metódica erupção de prodígios projeta um mapeamento sensível dos versos e da vida controversos do bardo Byron.

A tradução dos poemas segue criteriosa seleção e in(ter)venção, e prossegue reinventada sob os parâmetros de “tradução-arte”, “transcriação”, “outradução” (segundo a tradição de Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari). Achados raros na translação dos poemas para a língua portuguesa encontram surpreendentes soluções, incluindo instâncias de desabusada (porém apropriada) dicção coloquial.

O epistolário coligido por Vallias é outro tr(i)unfo: Byron era um missivista de mancheia e de caudalosa inspiração. O estudo crítico composto pela introdução e as notas oferta ao leitor uma estonteante demonstração de erudição e paixão. A seção biográfica tem um sabor expandido das biografias de trovadores provençais (chamadas “razo”).

Como autor dos instigantes livros de poesia Oratorio e Totem e do deslumbrante vídeo-poema Ano passado em Marinmaraisbad, entre outras proezas poéticas, Vallias opera no domínio-interstício em que a visualidade cimenta e imanta as manifestações verbais em largos-circuitos de ignição intermeios. Desígnios de designer.

Entre outros termos, traduzir um poeta é trazê-lo – para outro idioma, outra pátria, outro tempo; de volta. Traluzir, transdizer. No caso deste livro, Byron foi exumado e redimido do embrulho arbitrário da morbidez romântica com que coveiros satânicos e escriturários do lacrimório o embotaram e mumificaram. Conjuração do fetiche do fascínio.

Assim, o poeta ressurge mais atual e candente do que nunca, vociferando contra a caretice e o sistema financeiro. Como não enxergar no poema “Breu” o pré-Apocalipse de nossa crise climática? Sua inflamada defesa dos tecelões insurgentes pode ser transposta para hoje, quando a dita “inteligência artificial” empurra o que resta de humano para a obsolescência programada.

Outras lides luditas nas hostes da estupidez natural?

Com a assombrosa pesquisa crítico-criativa irmanada à operação de tradução-raiz da poiesis, o mosaico que André Vallias constrói neste livro brinda o leitor com prosa ambrósia e poética proteica. A vida (máxima, múltipla e incomum) de peripécias desse paladino de ambivalências e (b)ironias acaba (por recomeçar) em poesia à beça.

 

CARACTERISTICAS DA OBRA

  1. Expoente do Romantismo, explorando emoções intensas, individualismo, idealismo e um forte senso de liberdade.
  2. Uso da melancolia na literatura, usando temas como a solidão, a morte e a nostalgia.
  3. Posicionamento rebelde, desafiando às convenções sociais e à autoridade.
  4. Enaltecedora da beleza da natureza, observando o meio ambiente como fonte de inspiração e conforto.
  5. Engajamento político ativo, com participação direta do Byron na independência da Grécia.

 

POR QUE LER

  1. Romantismo: Byron é considerado um dos principais representantes do Romantismo inglês, com seus poemas marcados por emoções intensas, individualismo, idealismo e um forte senso de liberdade.
  2. Byronic hero: O poeta criou o personagem do "herói byroniano", um indivíduo solitário, melancólico e rebelde, que se tornou um arquétipo da literatura romântica.
  3. Versatilidade: A obra de Byron é marcada por uma grande versatilidade, abrangendo desde poemas líricos e introspectivos até poemas satíricos e políticos.
  4. Influência: A poesia de Byron exerceu uma profunda influência sobre os poetas românticos de sua época e nas gerações seguintes, tanto na Inglaterra quanto em outros países.
  5. Natureza: A natureza é frequentemente utilizada como um reflexo dos estados emocionais do poeta.
  6. Política: Byron era um homem de fortes convicções políticas e muitas de suas obras refletem suas ideias sobre liberdade e justiça.
  7. Ironia e Sátira: O poeta utilizava a ironia e a sátira para criticar a sociedade e as instituições.

 

PÚBLICO-ALVO

 

Público em geral. O público alvo das poesias de Lord Byron era e ainda é bastante amplo e diversificado, abrangendo desde a aristocracia da época até a classe média emergente. Sua obra, marcada por temas universais como amor, perda, paixão e a busca por significado, encontra ainda eco em diferentes camadas sociais e idades.

 

TRECHOS

Dostoiévski, Diário de um Escritor (1877):

 

“O Byronismo apareceu em um momento de terrível angústia, desilusão e quase desespero entre os homens. Após os êxtases do novo credo nos novos ideais proclamados no final do último século na França, então a nação mais progressista da humanidade europeia, o resultado foi muito diferente do que se esperava; isso decepcionou tanto a fé do homem, que talvez nunca tenha havido um momento mais triste na história da Europa Ocidental. Os novos ídolos — erguidos por um momento apenas — caíram não apenas por causas externas (políticas), mas pela sua falência intrínseca — o que foi claramente percebido pelos corações sagazes e pelas mentes progressistas. O novo resultado ainda não estava à vista; a nova válvula ainda não havia sido revelada, e todos estavam sufocando sob o peso de um antigo mundo, que se fechava e se restringia sobre a humanidade de uma maneira mais terrível. Os velhos ídolos jaziam destroçados. Foi neste exato momento que um grande e poderoso gênio, um poeta apaixonado,

apareceu. Em suas melodias soava a angústia da humanidade daqueles dias, sua sombria desilusão com sua missão e com os ideais que a haviam enganado. Era uma musa de vingança e tristeza, maldição e desespero, então inédita e nunca ouvida. O espírito do Byronismo, por assim dizer, varreu a humanidade como um todo, e tudo respondeu a isso. Foi precisamente como se uma válvula tivesse sido aberta: pelo menos, em meio aos gemidos universais e monótonos — em sua maioria inconscientes — este foi um grito poderoso no qual todos os gritos e lamentos da humanidade se combinaram e se fundiram em um único acorde.”

 

De Goete para Byron:

A Lord Byron

Uma palavra amiga — uma após a outra —

Vem do sul e traz horas de satisfação;

Nos chama a caminhar ao rumo do mais nobre:

A alma não, mas os pés estão presos ao chão.

Como dizer, a quem acompanho à distância

Faz tanto tempo, o que revele intimidade?

A ele que luta em sua mais profunda instância,

Já tão acostumado à dor da humanidade?

Que ele se sinta bem, quando sentir a si!

Que se atreva a chamar-se felizardo quando

As Musas derrotarem a dor; que, serenando,

Possa se conhecer — como eu o conheci.

 

Machado de Assis (1830–1908) no Diário do Rio de Janeiro, em 8 de fevereiro de 1866:

“Houve um dia em que a poesia brasileira adoeceu do mal byrônico; foi a grande sedução das imaginações juvenis pelo poeta inglês; tudo concorria nele para essa influência dominadora: a originalidade da poesia, a sua doença moral, o prodigioso do seu gênio, o romanesco da sua vida, as noites de Itália, as aventuras de Inglaterra, os amores de Guiccioli, e até a morte na terra de Homero e de Tibulo. Era, por assim dizer, o último poeta; deitou fora um belo dia as insígnias de noble lord, desquitou-se das normas prosaicas da vida, fez-se romance, fez-se lenda, e foi imprimindo o seu gênio e a sua individualidade em criações singulares e imorredouras.

Quis a fatalidade dos poetas, ou antes o privilégio dos gênios criadores, que este espírito tão original, tão próprio de si, aparecesse um dia às imaginações de alguns como um modelo poético. Exaltou-se-lhes a imaginação, e adoeceram, não da moléstia do cantor de D. Juan, mas de outra diversa, que não procedia, nem das disposições morais, nem das circunstâncias da vida.”

 

De Byron:

“Todos os meus amigos, instruídos e não, instaram-me a não publicar esta Sátira com meu nome. Se eu quisesse ser “desviado da trajetória de meu humor por discussões rápidas e projéteis de papel do cérebro”, deveria ter acatado o conselho deles. Mas não me deixo amedrontar por abusos ou intimidar por críticos, armados ou não. Posso dizer com segurança que não ataquei pessoalmente ninguém que não tenha iniciado a ofensiva.

As obras de um autor são propriedade pública: quem as adquire pode julgar e publicar suas opiniões, se o desejar; e os Autores que procurei memorar podem fazer comigo o que fiz com eles. Atrevo-me a dizer que eles terão mais sucesso em condenar meus escritos do que em consertar os seus próprios. Mas meu objetivo não é provar que eu posso escrever

bem, mas, se possível, fazer com que outros escrevam melhor.”

 

 

[Lucietta. Um fragmento]

Ó Lucietta, querida,

Aquela face linda

É feita só de beijos;

Mas há no amor ainda

Insólitos desejos —

Uma outra mais astuta

Tocou meu coração, —

A Bruxa que me assusta

Nos modos e um corpão

Que me cutuca e excita,

Me mata e ressuscita —

 

 

SUMARIO

 

Introdução

1. Infante (1798-1809

2. Viagem (1809-1811)

3. Fama (1811-1816)

4. Exílio (1816-1819)

5. Revolta (1819-1823)

6. Grécia (1823-1824)

Notas

Índice

 

FICHA TÉCNICA

André Vallias (organização, tradução e introdução)

Signos
Poesia / Literatura / Crítica

Impresso em brochura

15,5 x 23 cm

640 páginas

ISBN 9786555052275

lombada 4,0 cm

peso 860 g

Lançamento 14 fev

 

EBOOK

ISBN 978-65-5505-228-2

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