COMO TUDO PODE DESMORONAR
PEQUENO MANUAL DE COLAPSOLOGIA PARA USO DAS GERAÇÕES PRESENTES
Pablo Servigne e Raphaël Stevens
Posfácio: Yves Cochet (ex-ministro francês do Meio-Ambiente)
SINOPSE
O fim da civilização industrial tal como está constituída deve se consumar até o final deste século. Não por causa de um apocalipse bíblico, mas pelas profundas transformações impostas pela mudança climática e pelo esgotamento de recursos naturais que alimentam o consumo e a produção de bens e serviços humanos. Um processo de desmoronamento das bases sobre as quais a vida humana está hoje assentada, cujo campo de estudo é denominado “colapsologia” pelos autores Pablo Servigne e Raphaël Stevens, que, sob o prisma de uma transdisciplinaridade (economia, história, climatologia, biologia, química, geografia e relações sociais) tem seus fundamentos dissecados e analisados sob o prisma do equilíbrio sustentável.
Ao explicitar esses mecanismos, o livro devolve a inteligibilidade às “crises” que vivemos e, acima de tudo, dá sentido ao nosso tempo. Porque hoje a utopia mudou de lado: utópico é alguém que acredita que tudo pode continuar como antes. O colapso está no horizonte da nossa geração, é o início do seu futuro. O que virá depois? Isso ainda precisa ser pensado, imaginado e posto à prova… E se ainda for possível, controlado por um grande esforço comum de transformação.
QUARTA-CAPA
Não será um cometa ou um megavulcão despertando furioso. Também não será o fim de tudo, mas um processo de transformação radical das condições da vida na Terra, cuja intensidade, velocidade e destino depende já hoje de como nós, humanos, reagiremos.
Este é um chamamento à ação! Não estamos atravessando uma crise momentânea ou uma catástrofe localizada. O que temos, como civilização e indivíduos, é um processo em larga escala, e a esta altura possivelmente irreversível, de mudança climática e esgotamento do modelo atual de desenvolvimento econômico.
É urgente mudar os paradigmas e aprender a construir modelos de aproveitamento sustentável dos recursos de que dispomos na natureza. A partir disso, Como Tudo Pode Desmoronar propõe um painel crítico para entender e acolher as iniciativas que já existem no “mundo pós-carbono”, uma análise sistêmica da situação do planeta e uma visão de conjunto do que seria esse colapso.
AUTORES
PABLO SERVIGNE é engenheiro agrônomo e doutor em biologia.
RAPHAËL STEVENS é ecoconselheiro e cofundador da consultoria europeia Greenloop, voltada para a sustentabilidade e a resiliência.
COLEÇÃO BIG BANG
Com textos especificamente científicos, aborda e polemiza os problemas da ciência e da epistemologia de hoje em diversos títulos, dentre os quais: Uma Nova Física, Diálogos Sobre o Conhecimento, O Universo Vermelho, Dicionário de Filosofia, Arteciência, Cibernética, Uma Noite e Estruturas Intelectuais.
IMAGEM DA CAPA
Foca-comum emaranhada numa rede de pesca.
O QUE DIZEM OS AUTORES
As publicações científicas que consideram evoluções catastróficas globais e uma probabilidade crescente de colapso são cada vez mais numerosas e bem escoradas. Os relatórios da academia de ciências da Grã-Bretanha publicaram um artigo de Paul e Anne Ehrlich a esse respeito em 2013, deixando poucas dúvidas sobre os resultados. As consequências das mudanças ambientais planetárias consideradas plausíveis para a segunda metade do século XXI manifestam-se hoje concretamente, à luz de números cada vez mais convincentes e aflitivos. O clima se transforma, a biodiversidade se arruína, a poluição se imiscui em toda a parte e se torna persistente, a economia corre o risco de paradas cardíacas a todo instante, as tensões sociais e geopolíticas se multiplicam etc. Já não é incomum ver os decisores de mais alto nível e os relatórios oficiais das maiores instituições (Banco Mundial, IPCC/GIEC, ONGs, ONU) evocarem a possibilidade de um colapso ou daquilo que o príncipe Charles chamou de “um ato de suicídio em grande escala”.
TRECHOS
DA APRESENTAÇÃO, por Newton Cunha
Ao contrário dos evangelhos, que são as boas-novas proclamadas pelos oráculos gregos e pelos livros do Novo Testamento, as numerosas e recentes investigações de caráter científico, nas mais diferentes áreas, por exemplo, climatologia, ecologia, biologia, geociência, física, química e, mesmo, economia, nos têm advertido de que os limites do equilíbrio necessário à nossa civilização industrial estão sendo irreversível e perigosamente transgredidos. Tragédia que pode estender-se, em decorrência da constante predação, aos demais reinos da natureza, o animal e o vegetal, tanto na terra quanto no mar. Como os troianos perante as profecias de Cassandra, as desprezamos ou descremos devido à inércia, à ambição, à ignorância, a uma negligência calculada, ou, enfim, resignados pela incapacidade de deter as transformações planetárias já ocorridas e irreversíveis em nossa natureza. Incapacidade que tem sua origem na própria complexidade que as civilizações vão adquirindo, e sobretudo a nossa, industrial e mundializada.
DO LIVRO
Um luto pela visão de um futuro. De fato, começar a compreender e depois acreditar na possibilidade de um colapso significa, finalmente, renunciar ao futuro que havíamos imaginado. É ver-se amputado de esperanças e de sonhos que havíamos forjado para nós desde a mais tenra infância, ou que tínhamos para nossos filhos. Aceitar a possibilidade de um colapso é aceitar ver morrer um futuro que nos era querido e que nos dava segurança, por irracional que fosse. Que dilaceração!
Em seu último livro, o antigo geólogo e conselheiro do governo britânico Jeremy Leggett identificou cinco riscos sistêmicos mundiais ligados diretamente à energia e que ameaçam a estabilidade da economia mundial: a extinção do petróleo, as emissões de carbono, o valor financeiro das reservas de energia fóssil, o gás de xisto e o setor financeiro. “Um choque que implique um só desses setores seria capaz de dar início a um maremoto de problemas econômicos e sociais, e, certamente, não existe nenhuma lei econômica que estipule que os choques se manifestem em um só setor por vez.” Vivemos, pois, muito provavelmente, os últimos engasgos do motor de nossa civilização industrial antes de sua extinção.
A biodiversidade é garantia de uma agricultura resiliente e produtiva, e sobretudo da conservação de funções regulatórias dos ecossistemas (qualidade do ar, estabilidade dos climas locais e global, sequestro de carbono, fertilidade do solo, reciclagem do lixo), de provisão de recursos vitais (água potável, matas, substâncias medicinais) e de finalidades culturais (recreativas, estéticas e espirituais). Ela influencia a saúde humana ao permitir, por exemplo, o controle na emergência de doenças infecciosas, como foi o caso do vírus Ebola em 2014, que se alastrou no oeste da África, entre outras causas, pela destruição do ecossistema floresta.
O paradoxo que caracteriza a nossa era – e provavelmente todas as épocas em que uma civilização se defrontou com limites e transgrediu fronteiras – é que, quanto mais ganha em potência, mais se torna vulnerável. O sistema político e socioeconômico moderno, graças ao qual mais da metade dos humanos vive, esgotou severamente os recursos e perturbou os sistemas sobre os quais ele próprio repousava (o clima e os ecossistemas), a ponto de degradar perigosamente as condições que permitiam no passado sua expansão, que garantem hoje sua estabilidade e que lhe permitam sobreviver.
SUMÁRIO
O Tordo Caga Seu Próprio Mal [por Newton Cunha]
Prefácio: A Colapsologia, um Fenômeno Não Linear
Introdução: Um Dia Será Preciso Abordar o Assunto
PRIMEIRA PARTE
PREMISSAS DE UM COLAPSO
1. A Aceleração do Veículo
Um Mundo de Exponenciais
A Aceleração Total
Onde Estão os Limites?
2. A Extinção do Motor (Os Limites Intransponíveis)
Do Pico, a Descida Energética?
No Alto do Pico, Há um Muro!
E Antes do Muro… Um Precipício
3. A Saída de Rota (As Fronteiras Transponíveis)
Aquecimento e Suores Frios
Quem Matará o Último Animal do Planeta?
As Outras Fronteiras do Planeta
O Que Ocorre ao Atravessarmos os Rubicões?
4. A Direção Está Bloqueada?
Como se Fecha um Sistema
Um Problema de Vulto
5. Imobilizados em um Veículo Cada Vez
Mais Frágil
Finanças de Pés de Barro
Cadeias de Abastecimento no Fio da Navalha
Infraestruturas Ofegantes
Qual Será a Faísca?
Balanço da Primeira Parte: Um Quadro Que Salta Aos Olhos
SEGUNDA PARTE
E ENTÃO, QUANDO?
6. As Dificuldades de Ser Futurólogo
Da Medida dos Riscos à Intuição
Os Paradoxos do Desmoronamento
7. Podem-se Detectar Sinais Precursores?
O Ruído de um Sistema Que Vai Desmoronar
Sempre Haverá uma Incerteza
8. O Que Dizem os Modelos?
Um Modelo Original: HANDY
Um Modelo Robusto: World3
TERCEIRA PARTE
COLAPSOLOGIA
9. Um Mosaico a Explorar
Do Que Podemos Falar Com Precisão?
O Que Nos Ensinam as Civilizações Passadas?
Como Nos Afundamos?
Até o Pescoço?
10. E o Humano em Tudo Isso?
Quantos Seremos no Final do Século XXI?
Vamos Nos Entrematar?
Por Que a Maioria das Pessoas Não Crê Nele?
Agora Que Acreditamos, o Que Fazemos?
Conclusão: A Fome É Apenas o Começo
Em Direção a uma Colapsologia Geral e Aplicada
A Geração Ressaca
Outras Maneiras de se Fazer a Festa
Para as Crianças
Posfácio [por Yves Cochet]
Seis Anos Depois
Agradecimentos
FICHA TÉCNICA
Pablo Servigne e Raphaël Stevens
Posfácio: Yves Cochet (ex-ministro francês do Meio-Ambiente)
Tradução e Apresentação: Newton Cunha
Coleção Big Bang
Meio ambiente/Economia/Sociedade
Impresso em brochura
14 x 21 cm
256 páginas
ISBN 978-65-5505-185-8
Lançamento 25 março
EBOOK
ISBN 978-65-5505-186-5
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