CRIATIVIDADE COLETIVA
Arte e Educação no Século XXI
Ana Mae Barbosa e Annelise Nina da Fonseca
COM TEXTOS DE:
Adolfo Albán Achinte
Ana Mae Barbosa
Annelise Nani da Fonseca
Bernard Darras
Enid Zimmerman
Daniel X. Harris
John Steers
Malcolm Ross
Marie-Françoise Chavanne
Ning Luo
Vanessa Raquel Lambert de Souza
SINOPSE
A abordagem pedagógica da arte já não pode deixar de considerar as questões relevantes de um mundo em grande transformação social. Entra em pauta, assim, a arte contemporânea, com signos e discursos próprios, com uma linguagem e discurso que chamam para um entendimento mais coletivo ou menos individualista das coisas. Passam a interessar os sentidos, a percepção do outro, as origens, os lugares de fala, a apreensão do espaço. A formação da criança passa a ter uma atenção mais voltada ao coletivo, ao grupo, do que a si mesmo.
QUARTA-CAPA
As primeiras décadas deste século recolocam para os educadores a questão da criatividade a partir de uma nova perspectiva: a do coletivo. Se o século passado enalteceu e pesquisou a criatividade como uma desejável característica individual, agora, neste mundo mais diverso e interligado, a ênfase está no processo de aglutinar mentes em favor da criação em comum, desafio que a arte-educação conhece muito bem. Refletindo esse mundo multifacetado, Criatividade Coletiva: Arte e Educação no Século XXI não apenas passa a limpo o trabalho já realizado sobre o tema no contexto pedagógico, como também se aprofunda no papel da criação coletiva em comunidades pobres, e analisa seus vínculos com a neurociência, a questão do gênero, a arteterapia, o design, provando o quanto desenvolver a criatividade coletiva é também desenvolver a capacidade crítica por meio de processos democratizantes.
ANA MAE BARBOSA
é professora emérita da Universidade de São Paulo-USP, onde lecionou nos programas de graduação e pós-graduação em Arte-Educação por quase cinquenta anos. Atualmente ensina Educação em Arte e Design no Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Anhembi Morumbi. Lecionou nas universidades de Yale, The Ohio State e de Granada. Foi agraciada com os prêmios Edwin Zigfield (USA), Sir Herbert Read (InSEA), Itaú Cultural 30 anos (2017), Comenda Nacional da Ordem Cientifica (Ministério da Ciência e Tecnologia), Comenda da Ordem Cultural (Ministério da Cultura), entre outros.
ANNELISE NANI DA FONSECA
é formada em Moda, em Artes Visuais e em Psicologia pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar), com mestrado em Design pela Universidade Anhembi Morumbi e doutorado em Artes pela Universidade de São Paulo (USP). Leciona na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e sua pesquisa aborda temas relacionados a moda, arte/aprendizagem, processo criativo, desenvolvimento de produtos e planejamento de coleção.
TEXTO DA ORELHA
Voltando à criatividade coletiva, podemos dizer que, em consonância com a pedagogia do evento, ela pode ser definida pós--modernamente como um fenômeno de interação entre criador e sua audiência ou seu usuário. Trata-se da perspectiva sistêmica sobre criatividade de Csikszentmihalyi. Segundo ele, “a criatividade não ocorre dentro dos indivíduos, mas é resultado da interação entre os pensamentos do indivíduo e o contexto sociocultural”. Essa definição é uma tentativa de superar as dificuldades de equilíbrio entre processo, produto e produtor presentes nas definições sobre criatividade elaboradas desde o boom ocidental da criatividade na educação da década de 1950 até hoje.
[…]
O ambiente de imersão criativa, usando-se criticamente os instrumentos da arte-educação e da arte de todos os tempos, tem se mostrado muito eficiente para desenvolver a criatividade, principalmente no ativismo político em todo o mundo. A ação criativa coletiva é potencializada pelas medidas sociais e opera uma metástase que pode provocar transformações no tecido social e no indivíduo.
Os processos de desenvolvimento da criatividade coletiva são, entretanto, eminentemente políticos e democratizadores.
Ana Mae Barbosa
COLEÇÃO ESTUDOS
A coleção Estudos propõe-se a publicar ensaios críticos e pesquisas tratados em profundidade, com sólida argumentação teórica nos mais variados campos do conhecimento. A coleção forma, junto com a Debates, a marca de identificação da editora em nosso mercado.
DA CAPA
Imagem da capa: Eneida Sanches, Sapatos, detalhe de instalação mural de 2002. Gravura em metal. Foto de Tracy Collins.
A obra da série Transes explora a imagem do olho-de-boi, cruzando várias referências populares, de religiões afro-brasileiras e objetos do cotidiano.
TRECHOS
Desenvolvimento de criatividade é também desenvolvimento de capacidade crítica. A arte é um instrumento imprescindível para a identificação cultural e o desenvolvimento criador individual. Através da arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação para apreender o que acontece com o meio ambiente, aprimorar a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e incrementar a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.
O pós-modernismo ampliou o conceito de criatividade. Para a educação modernista, dentre os processos mentais envolvidos na criação, a originalidade era o mais valorizado; daí o apego do modernismo à ideia de vanguarda. Nos dias de hoje, a flexibilidade e a elaboração são os fatores da criatividade mais ambicionados pela educação.
[Ana Mae Barbosa]
A imaginação, a criatividade e a criação, que serviram para o crescimento e o consumo da sociedade, devem, agora, contribuir para a “ecologização” das nossas comunidades e de todos os setores da educação, que devem unir esforços a fim de criar um novo estilo de vida com e no mundo, bem como uma nova arte de viver juntos.
Que contribuições podem nossas disciplinas trazer a essa vida nova e a essa nova arte de viver?
[Bernard Darras]
De todos esses âmbitos, tenho aprendido que é somente com a solidariedade, com o trabalho compartilhado, com a coletivização das atividades que se superam as adversidades, as contingências do cotidiano, as incertezas do processo produtivo e se alcançam os propósitos de cada um e de todos.
[Adolfo Albán Achinte]
Desenvolver seu potencial criativo é antes de tudo aprimorar a flexibilidade mental, se autorizar a deixar fluir, a diferenciar a crítica, combinar, desenvolver, associar, “dissociar”, expandir, multiplicar, consertar retirando as partes, buscando funcionamentos diferentes etc. Trata-se de colocar à prova, sem cessar, os pensamentos, os julgamentos, as ideias preconcebidas e, com isso, escapar dos conformismos, dos lugares-comuns, da doutrinação e agir sobre seu ambiente. Perante a multiplicação de informações, a educação pode agir de modo que a profusão não se desenvolva como porosidade passiva às ideias, mas sim favoreça a capacidade de transformar, emprestar, nutrir, fazer do repertório de saberes como um artesão faz, recolhendo e coletando seus tesouros com uma possibilidade de usá-los.
[...]
A educação artística esforçou-se para fazer da audácia um trunfo e da limitação um elemento disparador de criação. A criatividade, enquanto um fator de emancipação, não torna a pessoa resolutamente “única”, mas, ao contrário, solidária e curiosa do pensamento criativo dos outros. Ela dá seu lugar àqueles que nos surpreendem e nos incomodam, o que nos parece estranho, diferente, contribuindo para nos fazer pensar a alteridade. Longe de conceber a criatividade como uma mecânica, uma ferramenta, uma ginástica para fabricar ideias, a educação deve fomentar a extensão e o potencial intelectual e humano para o futuro.
[Marie-Françoise Chavanne]
SUMARIO
Introdução [por Ana Mae Barbosa]
1. Entrevista de Malcolm Ross a Ana Mae Barbosa
2. Criatividade: Ilusões, Realidades e Novas Oportunidades [por John Steers]
3. Criatividade e Arte-Educação: Uma Jornada Pessoal em Quatro Atos [por Enid Zimmerman]
4. O Homo Creator na Era da Industrialização da Mudança [por Bernard Darras]
5. “Defendendo um Terreno”: Criatividade e Ativismo Social Contemporâneo [por Daniel X. Harris]
6. A Comunalidade Criativa: Uma Pedagogia da Imagem [Adolfo Albán Achinte]
7. Criatividade: Da Originalidade à Ação Coletiva [por Ana Mae Barbosa]
8. Processo Criativo na Perspectiva da Neurociência [por Annelise Nani da Fonseca]
9. Descontruindo o Gênio Solitário Através das Lentes de Gênero: Criatividade Artística Revisitada [por Ning Luo]
10. Poéticas Negras e Representatividade: Caminhos Para Pensar Processos Criativos em/Sobre Arte [por Vanessa Raquel Lambert de Souza]
11. Renascimento e Reconhecimento da Criatividade na Educação Como um Vetor de Inteligência e de Criação [por Marie-Françoise Chavanne]
Agradecimentos
FICHA TÉCNICA
Organizadores: Ana Mae Barbosa e Annelise Nina da Fonseca
Coleção: Estudos
Assunto: Educação/Pedagogia/Arte
Formato: brochura
13,5 x 22,5 cm
248 páginas
ISBN 978-65-5505-138-4
Lançamento 24 fev
EBOOK
ISBN 978-65-5505-140-7
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