GIORDANO BRUNO: OBRAS ITALIANAS
Newton Cunha e J. Guinsburg (orgs.)
Tradução e notas: Newton Cunha e Alessandra Vannucci (Castiçal)
Textos de Newton Cunha, Alessandra Vannucci e Roberto Romano
SINOPSE
Giordano Bruno faz parte do rol de pensadores que se destacaram como representantes das novas correntes do Renascimento, que instauraram uma concepção moderna do mundo, racional e antidogmática. Filósofo de intuições geniais e talentoso escritor de humor afiado, Bruno foi contestado e aclamado na mesma medida por séculos. A edição das Obras Italianas, traz ao público brasileiro o tempo, a obra e a personalidade de um nome inescapável da cultura ocidental.
QUARTA-CAPA
Obras Italianas reúne, pela primeira vez no Brasil, os textos remanescentes de Giordano Bruno escritos em seu idioma materno. Vivendo em uma época em que protestantes e católicos disputavam, a custo de muito sangue, cada palmo e cada alma da Europa, Bruno representou uma outra corrente: a de Nicolau Copérnico e da Revolução Científica do século XVI, antecipando Descartes, Spinoza, Leibniz e Galileu. Foi na Inglaterra, após uma contenda com estudiosos da Universidade de Oxford que ele escreveu os diálogos que compõem esta coletânea.
Bruno foi além de Copérnico: não só defendeu a teoria heliocêntrica, mas que o universo é infinito, e que a Bíblia ensina moral, não cosmologia. Ele atacou o pedantismo de Oxford, o salvacionismo protestante, as superstições e visões de mundo de sua época. O humor sarcástico – que o leitor poderá saborear ao longo destas páginas, principalmente Castiçal –, a atitude arrogante e desafiadora, o transformaram num apóstata e num mártir. Seu brilho, contudo, não vem da fogueira a que foi condenado, mas de suas ideias que ainda hoje dão frutos.
AS OBRAS ITALIANAS
Castiçal (Candelaio, 1582) comédia em que Bruno traz uma representação vívida da sociedade napolitana de seu tempo, protestando contra a corrupção moral e social da época.
A Ceia das Cinzas (Cena de le Ceneri, 1584): diálogo cosmológico em que Bruno reafirma a validade da teoria heliocêntrica, e diz que o universo é infinito, constituído de inúmeros mundos substancialmente semelhantes aos do sistema solar. Ele ainda antecipa Galileu Galilei, sustentando que a Bíblia deveria ser seguida por seus ensinamentos morais, não por suas implicações astronômicas e critica fortemente os costumes da sociedade inglesa.
Da Causa, Princípio e Uno (De la causa, principio e uno, 1584), um diálogo cosmológico que apresenta sua concepção do universo, sendo que “forma” e “matéria”, intimamente unidas, constituem o Um, rompendo o dualismo tradicional da física aristotélica por meio de uma concepção monista do mundo, que implica a unidade básica de todas as substâncias e a coincidência dos opostos na unidade infinita do Ser.
Sobre o Infinito, o Universo e os Mundos (De l’infinito universo e mondi, 1584), diálogo em que Bruno critica sistematicamente a física aristotélica; ele também formula sua visão averroísta da relação entre filosofia e religião, pela qual a religião é considerada um meio para instruir e governar pessoas ignorantes e a filosofia é a disciplina dos eleitos, aqueles capazes de governar a sociedade.
Despacho da Besta Triunfante (Spaccio de la bestia trionfante, 1584), o primeiro diálogo da trilogia moral de Bruno, é uma sátira às superstições e vícios de seus contemporâneos, com forte crítica da ética cristã – particularmente o princípio calvinista da salvação pela fé ao qual Bruno opõe uma visão exaltada da dignidade de todas as atividades humanas.
Cabala do Cavalo Pégaso (1585, Cabala del cavallo Pegaseo), mais pessimista que Despacho, discute a relação entre a alma humana e a universal, concluindo com a negação da individualidade absoluta da primeira.
Heroicos Furores (De gli eroici furori, 1585), Bruno, vale-se do imaginário neoplatônico, para falar da união da alma humana com o Uno infinito e exorta à conquista da virtude e da verdade.
GIORDANO BRUNO
Nascido Filippo Bruno em 1548, em Nola, cidade próxima a Nápoles, foi um religioso católico italiano, da ordem dos dominicanos. Suas obras, tratando de temas filosóficos, matemáticos e teológicos lhe renderam muitos problemas com a Igreja. Defendia a teoria heliocêntrica, afirmava a existência de outros mundos, de um universo infinito e em seu misticismo questionava dogmas religiosos estabelecidos (e ainda hoje vigentes). Impenitente, passou oito anos preso antes de ser queimado vivo num auto-de-fé em 17 de fevereiro de 1600 no Campo de’ Fiori, em Roma, onde o Santo Ofício costumava queimar os livros e os seus autores.
COLEÇÃO TEXTOS
A coleção Textos é dedicada a grandes textos de grandes autores, brasileiros e estrangeiros, nos campos da literatura, dramaturgia, crítica e filosofia. Seu propósito é levar um painel da vida e obra desses escritores e pensadores, sua obra propriamente dita e ensaios críticos que demonstrem sua vitalidade e importância para a cultura.
DA CAPA
Imagem da capa: retrato de Giordano Bruno a partir de xilogravura de 1578.
TRECHOS
DA INTRODUÇÃO, de Roberto Romano
Ao editar as obras italianas de Giordano Bruno, a editora Perspectiva dá ao leitor brasileiro a oportunidade de penetrar na selva selvaggia de suas elucubrações e de sua época. Se cada século tem o Bruno que melhor corresponde aos seus anseios e terrores, o “nosso” Bruno pode ser muito bem entendido após o terremoto totalitário que gerou o Holocausto. Nele se multiplicou por milhões a fogueira maldita que extinguiu a vida física do filósofo e mártir. As brasas inquisitoriais semearam a violência contra o pensamento, a misologia moderna. Delas brotaram os campos de concentração, a censura – nazista, comunista, macarthista – que trouxeram, em vez de abertura para os infinitos mundos, um encolhimento terrível do intelecto. A culpa, como adverte Shakespeare, não reside nas estrelas.
DE “SOBRE O INFINITO, O UNIVERSO E OS MUNDOS”
Além dos visíveis, podem ainda existir inúmeros astros aquosos (isto é, terras cujas partes sejam água) que circundem o Sol, mas a diferença de seus circuitos não pode ser percebida por causa da enorme distância; daí, naquele movimento lentíssimo que se percebe nos corpos visíveis além de Saturno, não se vê diferença de movimentos nem tampouco uma regra no movimento de todos em torno do centro, quer coloquemos ali a Terra ou o Sol.
DE “DESPACHO SOBRE A BESTA TRIUNFANTE”
Faz comigo, minha Indústria, glorioso aquele exílio e trabalho em favor do repouso, da pátria tranquilidade, da comodidade e da paz. Vamos, Diligência, o que fazes, por que tanto ócio e descanso em vida, se tanto ócio e descanso teremos na morte? Tanto mais que, se esperamos outra vida ou outro modo de ser, não será ela igual à do presente, pois esta, sem jamais esperar um retorno, eternamente passa. Tu, Esperança, o que fazes que não me estimulas, não me incitas? Vamos, faz com que eu espere das coisas difíceis um êxito salutar, se não me apressar no tempo e nele não terminar. E não me faças prometer coisas por quanto viva, mas para que viva bem. Tu, Zelo, sê sempre um assistente, a fim de que não tentes algo indigno de um nume do bem, e não estendas a mão para aqueles negócios que são causa de negociatas. Amor da glória, apresenta-me diante dos olhos o que for feio de se ver e coisa torpe de se pedir para a segurança do negócio. Sagacidade, faz com que das coisas incertas e dúbias não me retire nem dê as costas, mas que delas me afaste pouco a pouco e a salvo. Tu mesma, para que eu não seja encontrada pelos inimigos, e seu furor não me caia em cima, confunde meus rastros e vestígios. Faz com que meus passos se mantenham distantes das estâncias da Fortuna, pois ela não tem as mãos compridas e não pode se ocupar senão dos que lhe estão próximos, e não remexe a não ser nos que estão dentro de sua urna. Tu farás com que eu não tente algo se não puder fazê-lo de maneira capaz; e faz-me mais cauta do que forte, se não puderes fazer-me cauta e forte. Faz com que meu trabalho seja oculto e aberto; aberto para que nem todos o procurem e inquiram; oculto para que pouquíssimos o encontrem. Pois saiba que as coisas ocultas são investigadas e as coisas encerradas convidam os ladrões.
SUMARIO
Nota de edição – por J. Guinsburg e Newton Cunha
Introdução – por Roberto Romano
Cronologia
I
Um Contestador de Vida Atribulada – por Newton Cunha
Acadêmico de Academia Nenhuma – Alessandra Vannucci
Castiçal
A Ceia das Cinzas
Da Causa, Princípio e Uno
Sobre o Infinito, o Universo e os Mundos
II
Uma Ética Derivada da Cosmologia – por Newton Cunha
Despacho da Besta Triunfante
Dos Heroicos Furores
Cabala do Cavalo Pégaso
Oração de Despedida
Oração Consolativa
Comentários Sobre Bruno
As Quatro Figuras Conjeturais do Espaço
Ficha Técnica
Formato: impresso - brochura
Autor: Giordano Bruno
Organizadores: Newton Cunha e J. Guinsburg
Tradução e notas: Newton Cunha e Alessandra Vannucci (Castiçal)
Textos de Newton Cunha, Alessandra Vannucci e Roberto Romano
Coleção Textos
Assunto: Ciência / Filosofia
Tamanho 12,5 x 21 cm
848 páginas
ISBN 978-65-5505-121-6
R$ 149,90
Lançamento 14 out
EBOOK
ISBN 978-65-5505-122-3
Lançamento 14 out
1 x de R$172,40 sem juros | Total R$172,40 | |
2 x de R$90,73 | Total R$181,47 | |
3 x de R$61,52 | Total R$184,57 | |
4 x de R$46,92 | Total R$187,69 | |
5 x de R$38,17 | Total R$190,86 | |
6 x de R$32,34 | Total R$194,05 |