O poeta João Cabral de Melo Neto construiu, ao longo de sua obra, uma poética mineral. São versos, metrificados ou não, que contam muito da vida do Nordeste com seu povo e seus hábitos. A sua linguagem aqui nomeada idioma pedra, alimentada na memória de uma infância vivida em meio às canas e às usinas de açúcar, em Recife, com a seca e a fome dando direção à mão que escreve traduz um Brasil singular. Alguns de seus poemas como Morte e Vida Severina, considerado um Auto de Natal pernambucano, e O Cão Sem Plumas ou O Rio, empreendem uma viagem na escrita que nos levam a querer ler poesia brasileira, pois o aprendizado se dá com as narrativas de costumes e de geografias várias. Tal empreitada avança com as palavras de pedra, caroço, osso, faca, deserto, entre outras, para identificar na língua um escrever em nordestino. O poeta João Cabral apresenta os seus poemas perseguindo uma construção arquitetada. Ele vai colocando os versos como se fossem tijolos. É por isso que posso gastar anos fazendo um poema: porque existe planejamento, nos diz em entrevista. De acordo com o que vamos encontrando ao longo desse caminho, podemos nos surpreender e verificar que a obra de João Cabral escreve Recife e seus restos, e as inúmeras viagens do poeta pelo mundo, mas, ainda inscreve o nome próprio do poeta na poética que se desdobra na fórmula Cabral/cabra.
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ISBN: 9788527308847
Autor: Solange Rebuzzi
Páginas: 192
Coleção: ESTUDOS/E.280
Ano de publicação: 2010
Peso: 0,24 kg
Dimensões: 22,5 x 12,5 x 0 cm