LITERATURA CLÁSSICA
Uma Brevíssima Introdução
William Allan
Tradução: Gita K. Guinsburg
Revisão técnica: Daniel Rossi Nunes Lopes
SINOPSE
O que é literatura clássica? O que caracteriza uma tragédia ou uma comédia? O que é a épica? Como essa produção reflete o desenvolvimento cultural das sociedades gregas e latinas? William Allan, estudioso de letras clássicas da Universidade de Oxford, explora o que são os “clássicos” e por que eles continuam a moldar nossos conceitos ocidentais de literatura. Um livro escrito para quem quer se aproximar dessa literatura, conhecer seus grandes autores e entender a atmosfera que permitiu uma tal experimentação de tão grande qualidade.
São séculos de história e um grande número de exemplos das literaturas grega e latina que ilustram a variedade e sofisticação dessas obras, seus contextos históricos e, por seu intermédio, o desenvolvimento intelectual dos dois povos, compilados em um livro sucinto, fluente e informativo. A edição traz mapas, ilustrações e uma seleção das principais traduções para o português das obras abordadas.
QUARTA-CAPA
O mundo clássico greco-latino e as obras-primas da sua literatura continuam a fascinar, e influenciar, os leitores e os criadores. Cinema, teatro, séries dramáticas ou cômicas, literatura e HQs contemporâneas revisitam e reformulam suas histórias. Neste LITERATURA CLÁSSICA: UMA BREVE INTRODUÇÃO, William Allan, da Universidade de Oxford, explora o que são esses “clássicos” e por que eles continuam a moldar nossos conceitos ainda hoje. Por meio de algumas das obras mais representativas das literaturas grega e latina, ele ilustra cronologicamente e por gênero tanto sua diversidade como sua sofisticação, bem como as circunstâncias em que foram produzidas, compondo um amplo e criterioso panorama, em uma escrita a um só tempo erudita e vivaz. Esta edição brasileira traz ainda um apanhado das principais traduções para o vernáculo das obras aqui abordadas. Uma obra imprescindível para estudantes e apreciadores da Antiguidade Clássica.
WILLIAM ALLAN
Nascido em Bowhill, uma antiga vila de mineração de carvão em Fife, na Escócia, William Allan foi a primeira pessoa da família a frequentar a universidade, tendo se formado em Clássicos e Gaélico na Universidade de Edimburgo. Lecionou em Harvard antes de ingressar no University College, de Oxford. Foi pesquisador da Alexander von Humboldt-Stiftung, da Academia Britânica e do Leverhulme Trust, e professor visitante em universidades na Alemanha e na Nova Zelândia. É especialista em literatura e história intelectual da Grécia Arcaica e Clássica.
Fonte: https://www.classics.ox.ac.uk/people/prof-bill-allan#tab-275301
Coleção DEBATES
Dedicada à publicação da ensaística de ponta nos diferentes ramos das Artes e Ciências Humanas, a coleção Debates, traz contribuições significativas e, às vezes fundamentais, de autores como Umberto Eco, Roman Jakobson, Max Bense, Martin Buber, Tzvetan Todorov, Fernand Braudel, Gershom Scholem, Antonio José Saraiva, José Augusto Seabra, Anatol Rosenfeld, Benedito Nunes, Affonso Ávila, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio de Almeida Prado, Sábato Magaldi, para citar apenas alguns dos autores que compartilharam com o leitor seus questionamentos e suas experiências nos mais de trezentos títulos já publicados.
DA CAPA
Imagem da capa: jarro grego de cerâmica de figuras vermelhas representando o barco de Odisseu passando pelas sereias.
O QUE DIZ O AUTOR
“Nunca tivemos livros em casa e ninguém da família tinha frequentado a universidade antes, mas embora possa ter sido uma vida familiar difícil, a escola sempre foi um lugar feliz para mim e logo percebi que adorava línguas”, diz ele. ““Aprendi latim e alemão, depois acrescentei grego e, eventualmente, comecei a aprender hebraico na hora do almoço escolar.”
TRECHOS DO LIVRO
Qualquer esboço de períodos literários clássicos às vezes parecerá um curso intensivo de história antiga, mas prefiro pensar nisso como uma coisa boa: afinal, a literatura sempre teve as suas raízes na realidade de seu tempo, mesmo quando vai além dele. Assim, a ficção de fantasia antiga reflete, de forma confusa, os limites do antigo conhecimento do mundo, do mesmo modo que a moderna ficção científica está engajada com os desenvolvimentos tecnológicos e políticos há mais de um século. Grandes obras da literatura podem ser, em algum sentido, “eternas”, porém ninguém pode compreender inteiramente a literatura clássica (ou qualquer outra) sem algum conhecimento de seu contexto histórico original.
Como ainda pode ser visto na literatura moderna e no cinema, um gênero surge com códigos embutidos, valores e expectativas. Ele cria seu próprio mundo, permitindo que o autor se comunique com a audiência, na medida em que implementa ou rompe expectativas genéricas e cria assim uma variedade de efeitos. Gêneros atraem escritores por fornecer certa estrutura e uma base sobre a qual criar, enquanto oferecem às plateias o prazer de um familiar e engenhoso desvio do esperado. Os melhores escritores pegam o que necessitam das formas tradicionais e então inovam, deixando sua própria marca e mudando o gênero para os futuros escritores e leitores.
Sexo e humor são motivos particularmente dominantes, uma vez que muitas transformações são estimuladas pelo desejo – em geral de um deus por uma mulher, destacando a crueldade e a negligência divina/masculina –, e o estilo narrativo está repleto de humor verbal e jogo de palavras. Até Ovídio se divertia com a Eneida, empacotando a queda de Troia (para a qual Virgílio havia devotado um livro inteiro) em apenas quatro palavras: “Troia caiu, Príamo também” (Troia simul Priamusque cadunt, 13.404). Como uma história do mundo na forma do mito greco-romano, as Metamorfoses são um exemplo de uma proeza sensacional da transformação da cultura grega na romana, e como uma enciclopédia do mito, esse é reformulado na elevada imaginação visual de Ovídio, razão pela qual exerceu enorme influência sobre os artistas e escritores posteriores. Além disso, é também um dos mais enigmáticos dentre os textos literários antigos, já que a penetrante sagacidade de Ovídio dificulta afirmar quão sérias são suas piadas sobre César e Augusto, ou quão profundamente deve ser considerado seu questionamento acerca da identidade humana (o que separa o humano do divino, ou o homem da besta, e assim por diante). As modernas interpretações são amiúde muito importantes, detectando resistência ideológica a cada passo, mas a gente tem a impressão de que o fantasma de Ovídio pode estar rindo em segredo da gravidade delas.
Antes de tudo, como indica o próprio título, o escrito de Catão conta a história de Roma e da Itália “desde o início” até os dias em que ele próprio viveu (o próprio Catão é personagem em sua história), o que se tornou um formato popular para os historiadores romanos que, em geral, começam as suas narrativas com a chegada do legendário Eneias à Itália (tal qual fizeram Quinto Fábio Pictor e Catão) ou com a antiga fundação de Roma por Rômulo e Remo em 753 a.E.C. Depois, não haveria, virtualmente, nenhuma fonte escrita disponível para a antiga história romana, de modo que para lidar com esse período Catão dependia das memórias do povo e dos “mitos históricos” que precisavam ser adaptados ao seu tempo. Com isso, não se pretende dizer que os historiadores romanos não estivessem comprometidos com a verdade – que certamente permanecia como um ideal e era um padrão alegado pelos historiadores romanos para ficarem livres de vieses –, porém enfrentavam enormes problemas para achar fontes confiáveis, especialmente para os períodos mais antigos, e raramente questionavam a acuidade de histórias anteriores, nas quais, em geral, se baseavam. Assim a escrita da história deve tanto (e, em muitos casos, até mais) à poesia e à retórica quanto às longas horas trabalhando arduamente nos arquivos senatoriais. Por fim, Catão pensava que a história poderia ensinar lições úteis, e a natureza moral e didática da história era particularmente proeminente na cultura romana. Dessa forma, historiadores romanos tinham como foco, muitas vezes, aquilo que poderia ser ensinado a partir de figuras e eventos exemplares do passado, tanto de bom quanto de mau. Em relação a isso, a ênfase de Catão era no bem comum: ele não nomeia magistrados nem comandantes militares individualmente, elidindo assim sua glória pessoal e dando importância, em contrapartida, ao ao serviço que prestaram a Roma.
[...] a concepção moral das Sátiras de Juvenal é deveras consistente: o autor encara a sociedade moderna como devassa e corrupta e toma o partido dos cidadãos romanos pobres nascidos livres, muitas vezes alguém cuja família decaiu de nível no mundo.
Nessa descrição, Juvenal não parece nada engraçado – na realidade, o seu texto soa como um editorial do jornal inglês Daily Mail: reacionário, moralista e bombástico. Porém, essa descrição ignora uma porção de sutilezas no modo como Juvenal realmente expressa esses ataques – pois ele, em geral, estabelece situações que nos levam a questionar a realidade ou a sinceridade dos ataques feitos, e, assim, nos deixa inseguros de quem devemos rir.
SUMARIO
Prefácio
1. História, Gênero, Texto
2. Épica
3. Lírica e Poesia Pessoal
4. Drama
5. Historiografia
6. Oratória
7. Pastoral
8. Sátira
9. Romance
Epílogo
Leituras Complementares
Traduções de Clássicos Greco-Romanos
Créditos das Ilustrações
Índice
FICHA TECNICA
William Allan
Tradução: Gita K. Guinsburg
Revisão técnica: Daniel Rossi Nunes Lopes
Debates
Literatura
Formato brochura
11,5 x 20,5 cm
192 páginas
ISBN 978-65-5505-191-9
EBOOK
ISBN 978-65-5505-192-6
Lançamento 11 out
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