MIMESIS
A Representação da Realidade na Literatura Ocidental
ERICH AUERBACH
Tradução: George Bernard Sperber e equipe da Perspectiva
Revisão da tradução e tradução do Apêndice: Rainer Patriota
Apresentação: Manuel da Costa Pinto
Introdução: Edward Said
SINOPSE
A edição brasileira de Mimesis, a obra monumental de Erich Auerbach, referência absoluta para os estudos literários e literatura comparada, completa cinquenta anos de sua primeira publicação. O ensaio permanece vivo em seu campo, ajudando a formar multidões de pensadores, não obstante as profundas mudanças pelas quais o mundo atravessou nesse tempo e o aparecimento de grandes teóricos da crítica literária. Mimesis encanta pela abrangência da análise, seja pelo vasto período de tempo, seja pela multiplicidade de obras e estilos que traz, que lhe dá, nas palavras de Manuel da Costa Pinto, um “sentido épico […] – nada menos do que um afresco da civilização ocidental por meio de suas obras mais representativas”.
QUARTA-CAPA
Mimesis é obra de um homem que perde sua pátria e é obrigado a se exilar e se isolar. Em terra estranha, nas margens de uma Europa conflagrada pela Segunda Guerra Mundial, Erich Auerbach, sem um futuro à sua frente, para seguir vivendo agarra-se àquilo a que dedicou a vida, a literatura – que naquele momento ardia em fogueiras imensas em sua Berlim natal.
Em seu espírito descortina-se uma nova perspectiva, que ele quer compartilhar: a da representação da realidade na literatura ocidental. Como ele próprio afirma, o que aqui se apresenta é uma visão, jamais uma teoria fechada. Auerbach seleciona seus locais aprazíveis e não por acaso começa com Homero e a Bíblia, os dois pilares do Ocidente europeu. Dali até o farol de Virginia Woolf será uma longa, insólita e, como o tempo o provou, inesquecível jornada, de abrangência inaudita, da qual cada capítulo deste livro é um instantâneo, um recorte.
O mundo que originou esta obra já não existe mais. Aquela guerra também acabou, ainda que suas palavras de ordem continuem encantando seguidores, inclusive hoje. Mimesis também permanece – vital como no tempo em que foi escrito, resiliente como o leitor de todos os tempos e quadrantes –, reerguendo-se das cinzas da ignorância sempre mais uma vez, pois como afirma Edward W. Said, “seu exemplo humanista permanece imorredouro”.
SOBRE O AUTOR
Erich Samuel Auerbach nasceu em uma família judaica, em Berlim, em 9 de novembro de 1892. Realizou seus estudos no Liceu Francês, fundado na cidade em 1689 pelos huguenotes, protestantes franceses ali refugiados. Deixou os estudos para combater na infantaria na Primeira Guerra Mundial, retomando-os após o conflito e se doutorando em filologia romana em 1921 na Universidade Frederico Guilherme (atual Universidade Humboldt), também em Berlim. Casou-se, em 1923, com Marie Manuela Mankiewitz. Tiveram um filho, Clemens Auerbach (1923-2002). Trabalhou como bibliotecário até ingressar, com a ajuda de Leo Spitzer, na Universidade de Marburg. Em 1929, publicou sua tese, Dante, als Dichter der irdischen Welt (Dante, Poeta do Mundo Terrestre), muito elogiada por Walter Benjamin, e em seguida traduziu La scienza nuova, de Giambattista Vico.
A partir daí, os rumos de sua carreira foram determinados pela ascensão dos nazistas ao poder, tendo sido compulsoriamente aposentado em 1936. Nesse mesmo ano, recebeu um convite da Universidade de Istambul, mais uma vez indicado por Spitzer, a quem sucederia ali como professor de filologia europeia. Foi declarado pelas autoridades alemãs como um expatriado em 1940, perdendo todos os direitos de cidadão. Foi na Turquia que Mimesis foi escrito, tendo sido publicado em 1946 em Berna, na Suíça.
Em 1947, a família se muda para os Estados Unidos, e Auerbach vai lecionar na Universidade Estadual de Pennsylvania, indo, em 1950, para Yale, onde permanece até sua morte, em 13 de outubro de 1957.
TRECHOS
DA APRESENTAÇÃO
Manuel da Costa Pinto
Ocorre que, como cada texto compreende também a “singularidade de seu criador”, o engenho individual, para além da conjuntura e dos padrões literários que o contêm, nem sempre podemos fazer tais extrapolações da parte para o todo, do fragmento de texto para o conjunto da produção textual de um lugar e de uma época. Com seu disciplinado respeito pela letra escrita, Auerbach muitas vezes nos desnorteia: quando uma ilação, feita a partir da leitura de uma obra específica, parece iluminar o entorno, podendo ser generalizada para outras obras do mesmo contexto, vem um exemplo contrário, que relativiza a afirmação anterior – deixando o leitor perplexo, com a sensação vertiginosa de que, para compreender todas as nuances da representação aludidas por Auerbach, seria necessário encarnar aqueles cartógrafos da parábola de Borges, que construíram um mapa coincidindo ponto a ponto com o Império que representavam. Ou seja, ler todos os livros do mundo – tarefa que, ao que parece, só Auerbach e o próprio Borges cumpriram.
DA INTRODUÇÃO
Edward W. Said
[…] apesar de toda a sua assustadora erudição e autoridade, Mimesis é também um livro pessoal, disciplinado, com certeza, mas não autocrático, nem pedante. Considere, em primeiro lugar, que, mesmo sendo produto de uma educação extraordinariamente completa e ancorado numa intimidade e familiaridade sem paralelos com a cultura europeia, Mimesis é um livro do exílio, escrito por um alemão apartado de suas raízes e de seu ambiente nativo. No entanto, em lealdade à sua formação prussiana ou ao seu sentimento, Auerbach parece não ter hesitado em querer retornar à Alemanha. “Sou prussiano e de fé judaica”, escreveu sobre si mesmo em 1921, e apesar da existência diaspórica de seus últimos anos, ele parece nunca ter duvidado de onde viera. Amigos e colegas estadunidenses relatam que até os últimos momentos de sua doença final e de sua morte, ele procurava uma forma de retornar à Alemanha
DO LIVRO
A predominância do elemento românico em Mimesis explica-se não apenas pelo fato de que sou um romanista, mas sobretudo porque, na maior parte dos períodos, as literaturas românicas são mais representativas para a Europa do que, por exemplo, a alemã. Nos séculos XII e XIII, a França teve um papel de liderança inquestionável; nos séculos XIV e XV foi a vez da Itália; no XVII, a França retomou o posto, permanecendo nele em grande parte do XVIII e parcialmente ainda no XIX, fundamental precisamente para a origem e desenvolvimento do realismo moderno (o mesmo para a pintura). Seria um erro ver nas minhas escolhas a expressão de uma preferência ou aversão de princípio; igualmente falso seria enxergar estranhamento ou aversão de minha parte no lamento e na crítica que às vezes expresso a propósito de certos limites de perspectiva da literatura alemã no século XIX. O oposto é que seria verdadeiro. A crítica resulta da tristeza diante do fato de que as possibilidades de se dar um rumo diferente à história europeia foram perdidas. Os grandes romancistas franceses são de um significado diferente para a colocação do problema em Mimesis; minha admiração por eles é enorme. Mas, por prazer e relaxamento, prefiro ler Goethe, Stifter e Keller.
SOBRE A CAPA
Imagem da capa: a partir de Kazimir Malevitch, Suprematismo (Supremus n. 58), óleo sobre tela, 1916
Blocos retangulares dispersos são reunidos por uma figura curva de fundo, criando uma composição equilibrada e estruturada, referindo ao universo da literatura, suas várias produções ao longo da história, conectadas umas às outras pela sua própria e fundamental humanidade.
SUMÁRIO
Apresentação:
O Romance da “Mimesis” – Manuel da Costa Pinto
Introdução à Edição Comemorativa de Cinquenta Anos da Edição Americana – Edward W. Said
1. A Cicatriz de Ulisses
2. Fortunata
3. A Prisão de Petrus Valvomeres
4. Sicário e Cramnesindo
5. A Nomeação de Rolando Como Chefe de Retaguarda do Exército Franco
6. A Saída do Cavaleiro Cortês
7. Adão e Eva
8. Farinata e Cavalcante
9. Frate Alberto
10. Madame du Chastel
11. O Mundo na Boca de Pantagruel
12. “L’Humaine Condition”
13. O Príncipe Cansado
14. A Dulcineia Encantada
15. O Santarrão
16. A Ceia Interrompida
17. O Músico Miller
18. Na Mansão de La Mole
19. Germinie Lacerteux
20. A Meia Marrom
Epílogo
Apêndice: Epilegômenos a Mimesis – Erich Auerbach
Notas
Índice
Sobre o Autor
COLEÇÃO ESTUDOS
A coleção Estudos propõe-se a disseminar ensaios críticos e pesquisas tratados em profundidade, com sólida argumentação teórica nos mais variados campos do conhecimento. A coleção forma, junto com a Debates, a marca de identificação da editora em nosso mercado. Conheça mais livros da coleção clicando aqui.
Ficha Técnica:
Autor: ERICH AUERBACH
Tradução: George Bernard Sperber e equipe da Perspectiva
Revisão da tradução e tradução do Apêndice: Rainer Patriota
Apresentação: Manuel da Costa Pinto
Introdução: Edward Said
Coleção: Estudos
Assunto: Crítica Literária
Formato: Capa Dura
Dimensões: 13,5 x 22,5 cm
688 páginas
ISBN: 978-65-5505-042-4
E-ISBN: 978-65-5505-043-1
Preço E-book: R$ 79,90
Lançamento: 16/02/2021
1 x de R$162,40 sem juros | Total R$162,40 | |
2 x de R$85,47 | Total R$170,94 | |
3 x de R$57,96 | Total R$173,87 | |
4 x de R$44,20 | Total R$176,80 | |
5 x de R$35,96 | Total R$179,79 | |
6 x de R$30,47 | Total R$182,80 |