NÉKUIA: Um Diálogo Com os Mortos
Marcelo Tápia
Introdução: Jaa Torrano
SINOPSE
O Canto XI, quando Odisseu visita o mundo dos mortos, o Hades, é sem dúvida um dos mais belos cantos da Odisseia. Ele é o objeto desta tradução seguida de um estudo crítico pelo poeta, tradutor e crítico literário Marcelo Tápia a partir do texto em grego de Homero. Oriundo da tradição da poesia concreta, o autor nos oferece uma leitura muito original da obra, ao incorporar a batida rítmica dos versos do canto. Ao final, nos narra em uma astuta paródia poética, ficcional e didática sua própria aventura de constituição da sua versão do canto, invocando seus tradutores-guias no que chamou de “Iliadeia”
QUARTA-CAPA
Odisseu precisa retornar a Ítaca, sua cidade natal, mas não sabe se conseguirá. A feiticeira Circe o aconselha a consultar Tirésias, que se encontra no mundo dos mortos, o Hades, e lhe ensina o ritual para invocar o falecido adivinho. Esse ritual, ν?κυια (nékuia), é relatado por Homero no Canto XI da Odisseia, dando a uma das maiores aflições de um ser humano, saber o seu futuro, a forma literária que atravessou séculos.
Além da tradução do canto – uma recriação estética e rítmica do original –, apresentado aqui em versão bilíngue, o poeta e helenista Marcelo Tápia faz uma jornada fascinante pelas mais conhecidas e reconhecidas interpretações e traduções do trecho, e uma bela reflexão sobre o ato de traduzir. Diversamente da conturbada jornada do herói grego, o autor alia a fluência agradável à erudição elucidativa e concisa para apresentar ao leitor uma nova invocação do gênio do povo que concebeu a obra clássica – afinal “a atualidade não pode prescindir dos mundos que a antecederam”.
MARCELO TÁPIA
Poeta, ensaísta e tradutor, é graduado em Letras (português e grego) e doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH-USP, na qual também realizou pós-doutorado em Letras Clássicas. É professor do Programa de Pós-Graduação em Letras Estrangeiras e Tradução (Letra) da mesma universidade. Publicou, entre outros, os livros Refusões: Poesia 2017-1982 (Perspectiva, 2017) e Týkhe: Uma Quarentena de Poemas (Olavobrás/Dobradura, 2020). Coorganizador do livro Haroldo de Campos: Transcriação (Perspectiva, 2013), traduziu, além de outras obras, o romance Os Passos Perdidos, de Alejo Carpentier (Martins Fontes, 2009). É, atualmente, diretor da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo, formada por Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, Casa Guilherme de Almeida e Casa Mário de Andrade, instituições da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
DA CAPA
Imagem da capa: a partir de desenho de autor desconhecido, Ulisses no Hades.
Ulisses desce ao mundo dos mortos para encontrar-se com Tirésias, o adivinho, e aconselhar-se sobre seu destino.
TRECHOS
Prometi às muitas cabeças ocas dos mortos
que, indo a Ítaca, em sacrifício daria
o melhor novilho, fartando a pira de bens;
mataria um carneiro apenas para Tirésias,
negro de todo, distinto entre nossos rebanhos.
Depois de preces e rogos enviados aos mortos,
agarrei os dois animais, degolando-os por sobre
o fosso: seu sangue quente ensombrado escorria;
almas subidas do Érebo em torno juntaram-se:
jovens esposas e anciãos por demais padecidos,
virgens tenras de corações recém-magoados,
muitos feridos por lanças brônzeas, varões
abatidos por Ares, as armas tintas de sangue,
tantos por todo lado a correr ante o fosso
com muito rumor: fui tomado por lívido medo.
DO LIVRO
Mas focalizemos a questão, já aludida anteriormente, da busca da verdade pelo tradutor: pelo que já foi referido, pode-se reafirmar a natureza transitória, desviante e plural das “verdades” adotadas por diversos tradutores: é possível constatar isso facilmente apenas observando-se a peculiaridade de cada tradução entre várias existentes da mesma obra, como, por exemplo, dos poemas épicos de Homero. Nesse sentido, citemos novamente Leonardo Antunes, para quem “cada leitura, cada análise, cada tradução de uma obra de arte contribui para uma coletânea de possibilidades de significação”. Cada obra traduzida será única, embora elaborada em diálogo com o original, pois resulta de um conjunto de possibilidades pelas quais se optou, em diversos planos, a cada momento de efetivação da atividade tradutória.
Cheguemos, finalmente, ao exame de mais uma possibilidade de caráter metafórico para a compreensão da tarefa do tradutor. Para tanto, evocaremos o caráter do herói grego Odisseu, ou Ulisses, como personagem-símbolo da transmigração linguística e literária, por meio de sua visita ao Hades – espécie de viagem ou peregrinação em busca da verdade; tal escolha justifica-se, primeiramente, pela própria definição do herói. No dizer de Giuseppina Grammatico, “Odisseu é o protótipo do viajante, οδοíπoρος; seu ser se define no caminho. A partir do caminho, tudo se transforma em espaço, livre ou fechado, desimpedido ou dificultoso, lugar de procedência ou de destinação. Todo caminho supõe um regresso ao ponto de partida, com exceção de um, do qual não há volta, ou cuja volta ainda não se descobriu.”
SUMÁRIO
Apresentação – Jaa Torrano
Introdução a um Mundo Estranho
“Odisseia”, Canto XI: Uma Recriação
Sobre a Recriação do Canto XI da “Odisseia”
Tradução, Metáfora e Verdade: O Descenso de Odisseu ao Hades Como Referência Metafórica Para a Tradução Poética
Referências
Anexo: Iliadeia: Um Périplo da “Ilíada” Traduzida no Brasil (Ensaio Ficcional)
FICHA TÉCNICA
Autor: Marcelo Tápia
Introdução: Jaa Torrano
Assunto: Poesia/Clássicos
Formato: Brochura
Dimensões: 15,0x20,5.
176 páginas
ISBN 9786555050882
E-book: 9786555050899
Preço E-book: R$ 34,90
Lançamento: 18/12/2021
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