OS ROBÔS FAZEM AMOR?
O Transumanismo em Doze Questões
Laurent Alexandre
Jean-Michel Besnier
Prefácio: Marta M. Kanashiro
Tradução: Gita K. Guinsburg
SINOPSE
Chama-se transumanismo o movimento tecnológico-científico internacional que pretende aumentar infinitamente o desempenho físico e mental dos seres humanos por todos os meios possíveis. Hoje você já pode ter seu DNA sequenciado em 24 horas para talvez um dia, conseguir repará-lo, ao passo que a Internet altera nossos modos de aprendizagem e nossas relações sociais. E amanhã? Será que a inteligência artificial ainda terá necessidade da inteligência humana? Faremos sexo com os robôs? Laurent Alexandre, médico e empresário, e Jean-Michel Besnier, filósofo especializado em novas tecnologias, confrontam seus argumentos e nos dão as chaves para compreender o que está acontecendo com os bilhões investidos nos laboratórios das empresas de alta tecnologia da Califórnia.
QUARTA-CAPA
Qual o limite do humano? Inteligência artificial, próteses biônicas, implantes cerebrais, biologia sintética... os avanços tecnológicos que visam aprimorar e ampliar nossas capacidades físicas e mentais podem nos levar ao ponto em que o nosso ser não seja mais humano? Estaria a distopia do “admirável mundo novo” cada vez mais próxima? E a nossa sexualidade, como fica nisso? O amor será robotizado? Para o médico de formação, empresário e ativista político por vocação, Laurent Alexandre, só temos a ganhar com o progresso tecnológico aplicado ao nosso próprio corpo. Para o filósofo Jean-Michel Besnier, mais do que os benefícios evidentes de projetos como o Andar de Novo, de Miguel Nicolelis, estão em jogo nossa própria liberdade e nossa essência. E a definição de humano, questão política e filosófica fundamental de nosso século, é um dos temas candentes que os dois pensadores franceses debatem neste Os Robôs Fazem Amor? Afinal, desde Platão se sabe que somos desejosos porque somos incompletos e, por termos consciência de nossa incompletude, inconformados almejamos o absoluto.
JEAN-MICHEL BESNIER
Filósofo e doutor em Ciências Políticas. Professor emérito de filosofia na Universidade de Paris IV-Sorbonne, e autor, entre outros, de Demain les posthumains: Le Futur a-t-il encore besoin de nous? (Fayard, 2010) e L’Homme simplifié: Le Syndrome de la touche etoile (Fayard, 2012). Estuda principalmente o impacto filosófico e ético do avanço científico e tecnológico nas representações e imaginações individuais e coletivas.
LAURENT ALEXANDRE
Médico e urologista francês radicado na Bélgica, é também empresário, ativista político, cronista e um entusiasta das novas tecnologias, como a reprodução medicamente assistida. Foi considerado pela revista GQ um dos principais representantes da corrente transumanista na França.
COLEÇÃO BIG BANG
A coleção Big Bang busca títulos que desbravem as grandes e as pequenas questões das ciências e das matemáticas em todas as suas vertentes, bem como o pensamento filosófico que se associa a esses campos. Também promove a divulgação científica para o público amplo em textos de alto nível.
DA CAPA
Imagem da capa: montagem com brinquedo.
A imagem reverbera a provocação do título, como que perguntando até onde um humao permanece humano.
TRECHOS
Em uma vida, muitos seres humanos têm mais relações onanistas do que relações sexuais com um terceiro! Para eles, o amor robotizado combinado com a relação virtual será uma vantagem em comparação à simples masturbação. Para que o robô-sexo se generalize, é preciso que ele se torne inteligente, o que vai levar muitos decênios. Do contrário, se tratará apenas de um brinquedo sexual sofisticado. [LA]
O robô será mais do que uma máquina para (se) masturbar e com ele penetraremos nesse vale estranho que desperta a ambivalência dos sentimentos. Tudo isso é concebível, evidentemente, e já seduz os depressivos, que são os transumanistas, os quais deveriam, de todo modo, conceder cada vez menos importância às pulsões biológicas do que à fusão com as máquinas com que eles sonham fará silenciar. Se o futuro está no não biológico, a sexualidade transitará, sem dúvida, pelo robô, mas ela desaparecerá ao mesmo título que a morte, da qual ela é indissociável. A utopia pós-humana, se ela consagra a imortalidade, só pode querer acabar com a sexualidade sob todas as suas formas. [JMB]
Intuitivamente sabemos que uma vida digna supõe anuência com seu fim e não o frenesi para durar sem outra preocupação que a própria duração. Supomos que a promessa de uma longevidade sem limite é aquela de uma animalidade (tornaremos perene o seu metabolismo) ou aquela de uma robotização (você será inoxidável), mas não aquela de uma vida edificante (você poderá ler todos os livros, instruir a juventude e construir a cidade ideal). Diante da fantasia da imortalidade, compreendemos que só a morte dá um sentido humano à vida e lamentamos aqueles que aprovam o absurdo de uma sobrevida abstrata, eliminando-a. [JMB]
A prodigiosa aceleração tecnológica na atualidade é possibilitada pela convergência de quatro disciplinas que evoluíram, até agora, separadamente: as nanotecnologias, que manipulam a matéria na escala do átomo; as biotecnologias, que modelam o ser vivo; a informática, em particular nos seus aspectos mais fundamentais; e, por fim, as ciências cognitivas, que se debruçam sobre o funcionamento do cérebro humano. É a explosão dessas NBIC (Nanotecnologias, Biotecnologias, Informática e Ciências Cognitivas) que permite encarar o projeto inédito, prometeico, sem precedente, que é o assunto deste livro: modificar o homem, melhorá-lo, aperfeiçoá-lo, aumentá-lo. Ultrapassá-lo.
Com a Inteligência Artificial, é grande o risco de muitos empregos serem simplesmente destruídos, e não transferidos. O que se fará necessário inculcar nas crianças para que elas prosperem nesse novo mundo? Como instituição de transferência de conhecimentos e de formação para a vida, a escola, sob sua forma atual, já é uma tecnologia ultrapassada. A escola de 2050 não irá mais gerir saberes, mas cérebros, graças aos campos das NBIC. Os três pilares da escola serão assim reconstruídos: o conteúdo, o método e o pessoal. Será necessário, antes de tudo, reabilitar as humanidades e a cultura geral, pois querer concorrer com as máquinas em questões técnicas em breve será derrisório.
A revolução tecnológica em curso é também uma questão econômica. Os Gafam (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft), que têm um peso muito maior que Estados devido à sua potência financeira, são os principais atores dessa evolução que faz do acesso aos dados individuais uma nova matéria-prima, o equivalente para o século XXI do que foi o carvão para o século XIX.
Já tivemos ocasião de sublinhar o engajamento transumanista dos dirigentes do Google. [...] Em março de 2016, Ray Kurzweil, diretor de desenvolvimento do Google, declarou que utilizaremos nanorrobôs intracerebrais ramificados em nossos neurônios para nos conectar à internet por volta de 2035. O Google, que já é o líder mundial das neurotecnologias, tenciona transpor uma nova etapa no domínio dos cérebros. A nova etapa começará com a emergência de uma autêntica inteligência artificial dotada de uma consciência que deverá esmagar a inteligência humana a partir de 2045 [...]. Nessa data, a inteligência artificial será, conforme Kurzweil, um bilhão de vezes mais potente do que a reunião de todos os cérebros humanos. A última fase, agora revelada por alguns dirigentes do Google, será a interface da inteligência artificial com nossos cérebros. Até Elon Musk compartilha esse fascínio pelo aumento cerebral. [LA]
De todos os modos, esse “humano ampliado” (lexicamente confundido com o “humano melhorado”) não é uma fatalidade e as objeções contra a sua produção não faltam: ele levará obrigatoriamente a humanidade a uma fratura entre os que se beneficiarão dos adjuvantes tecnológicos e aqueles que não terão os meios para isso; ele corre o risco de limitar a perfectibilidade e a normatividade próprias aos organismos biológicos que somos; ele ameaça sufocar o livre-arbítrio em proveito de um determinismo tecnocientífico desumanizante; ele abre a via às estratégias de clonagem que acabarão por alienar o humano ao genoma de um outro… A regulação das tecnologias de melhoramento do humano não evitará o exame dessas consequências socioantropológicas e ela deverá fazer jus às questões filosóficas – a essas questões que o leigo está cada vez mais disposto a acolher: será que é desejável querer suprimir o acaso na condição humana? Controlar a evolução não é, a longo prazo, mortal, se se sonha em promover o desaparecimento da diversidade e da hibridação do vivente? Vamos fabricar seres autônomos e submetê-los a formatos e a normas externas? [JMB]
SUMARIO
Prefácio [Marta M. Kanashiro]
Prólogo
1. É Preciso Melhorar a Espécie Humana?
2. A Humanidade Deve Mudar a Sua Reprodução?
3. A Técnica Pode Consertar Tudo?
4. Amanhã, Todos Ciborgues?
5. É Possível Fazer Amor Com um Robô?
6. É Desejável Viver Mil Anos?
7. O Transumanismo É um Eugenismo?
8. A Inteligência Artificial Irá Matar o Homem?
9. Quais São os Desafios Econômicos?
10. É Preciso Legislar?
11. Devemos Temer um “Admirável Mundo Novo”?
12. Até Onde Desenvolver a Pesquisa?
Para Ir Mais Longe
Índice de Nomes e Conceitos
FICHA TÉCNICA
Autor: Laurent Alexandre
Autor: Jean-Michel Besnier
Prefácio: Marta M. Kanashiro
Tradução: Gita K. Guinsburg
Coleção: Big Bang
Assunto: Filosofia da Ciência
Encadernação: brochura
Formato: 14 x 21 cm
128 páginas
ISBN 978-65-5505-114-8
Lançamento 29 julho de 2022
EBOOK
ISBN 978-65-5505-115-5
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