PARA AS CRIANÇAS DE AGORA
Uma Perspectiva Artístico-Existencial
Marina Marcondes Machado
Apresentação: Carminda Mendes André
SINOPSE
Muitos são os dilemas que envolvem a educação no Brasil. Além de sólida formação, é preciso que o educador tenha a percepção do ambiente social e material que o cerca, das transformações que estão em curso e, não menos importante, abertura e sensibilidade para lidar com crianças.
A autora propõe, assim, uma “perspectiva artístico-existencial” para os adultos quando interagem com os pequenos, na qual a arte é um lugar, um âmbito, um espaço das relações: entre crianças e adultos, das crianças entre si, e entre crianças e o mundo. E traz exercícios que fortalecem a imaginação, e permitem que se compreendam as crianças do ponto de vista delas mesmas.
QUARTA-CAPA
Falar em crise na educação é falar também em uma crise de formação. Ao lidarmos com crianças é necessária uma formação sólida dos educadores, que vai muito além da ideia de “educação continuada”. É preciso captar as transformações sociais, econômicas, políticas, mas também reconhecer as mudanças na sensibilidade das novas gerações.
Ademais, das várias questões que se colocam ao educador/adulto talvez a principal seja a forma como ele vê o aprendiz/criança. A criança, ao contrário do adulto, vive o momento, o agora, é nele que ela ativa sua presença corporal e imagética. Como, então, podemos apresentar o mundo às crianças pequenas?
Em Para as Crianças de Agora: Uma Perspectiva Artistico-Existencial a atriz, psicóloga e professora Marina Marcondes Machado buscar responder a esses desafios. Em contraponto ao primeiro, ela detalha aqui sua própria trajetória, pondo em debate a formação atual de educadores, e as influências de sua pesquisa, que usa as lentes fenomenológica e psicanalítica ao abordar a arte, a infância e as relações adulto-criança.
Para Marina, a criança é performer – e protagonista. Sua forma de enfrentar a questão de como nos relacionarmos, propõe que nossas interações com elas, nossas “visitas” ao seu modo de ser e de estar se deem por meio da palavra-ação poética, de memórias e da imaginação. Só a imaginação pode nos propiciar pensar o mundo com elas. Daí a importância dos exercícios imaginativos situacionais que propõe e que compõem a parte central desta obra e que, a par de seu percurso, visam dar àqueles que trabalham com nossas crianças meio de vivenciar com elas um mundo compartilhado.
MARINA MARCONDES MACHADO
Marina Marcondes Machado iniciou-se no teatro como atriz no Teatro Ventoforte e como professora de teatro na Escola Municipal de Iniciação Artística de São Paulo, nas décadas de 1980 e 1990. Como muitos jovens artistas da sua geração, só mais tarde procurou a formação acadêmica: formou-se em Psicologia pela PUC-SP (1998), fez o Mestrado em Artes na ECA-USP (2001) e o doutorado em Psicologia da Educação novamente na PUC-SP (2007). Em 2009 realizou a pesquisa de pós-doutorado “Territórios do Brincar” (ECA-USP) e, em 2012, migrou para Belo Horizonte, para trabalhar junto à Licenciatura em Teatro da Escola de Belas Artes, na EBA-UFMG, onde em seguida passou a fazer parte do Programa de Pós-Graduação, na linha Artes da Cena. Publicou inúmeros artigos que tematizam arte, infância e as relações adulto-criança, a partir das lentes fenomenológica e psicanalítica. Este Para as Crianças de Agora: Uma Perspectiva Artístico-Existencial é seu sexto livro. É uma professora-artista, escritora e pesquisadora das relações entre infância e cena contemporânea, líder do grupo de pesquisa AGACHO / Laboratório de pedagogias teatrais e criadora do site-blogue www.agachamento.com. Seu percurso acadêmico e artístico-existencial trilha hoje caminhos por entre arte e educação, estudos da infância e teatralidades, ensino universitário e cotidianidade.
O QUE DIZ A AUTORA
Este livro pergunta: “O que seria alternativo ao nosso tempo pandêmico, eletrônico, holográfico?” E tenta responder: “Poderia ser a recusa à facilidade do aplicativo, e a escolha da via longa, relacional”.
Propor aos adultos outro estilo de vida e outra maneira de convívio com crianças, seja no cotidiano das famílias, seja nas escolas ou especialmente no campo das artes, é um dos núcleos desta obra. A autora propõe aos leitores exercícios de agachamento poético que, quando praticados, fortalecerão sua imaginação, levando-os a compreender as crianças do ponto de vista delas mesmas – a partir de então, a convivência mútua será menos intermediada por telas e mais recheada de amorosidade, jogo e brincadeira.
E para professores de artes, a autora desenha uma perspectiva nomeada de artístico-existencial, proposta na qual a arte é um lugar, um âmbito, um espaço das relações: entre crianças e adultos, entre crianças, e entre crianças e o mundo.
Sintonizar com essa abordagem transformará a profissão do artista educador, tirando-o da tarefa de alfabetizador de linguagens e levando-o para perto dos corações e mentes dos estudantes com quem convive, numa lógica na qual o objetivo maior de fazer arte na infância é ser feliz – e também, ser capaz de expressar, artisticamente, tristeza e luto.
PERSPECTIVAS EM CENA
A coleção Perspectivas em Cena traz estudos ligados à pedagogia do teatro, educação, treinamento corporal.
DA CAPA
Imagem da capa: Flor da Vida, desenho da autora.
POR QUE LER?
TRECHOS
DA APRESENTAÇÃO
Uma dessas questões/brinquedos é o modo como o educador/adulto olha para o aprendiz/criança. A criança é performer, afirma a autora. Partindo da observação fenomenológica de como as crianças vivem em “momentos de espera, em locais de passagem nos quais se encontram junto a adultos (espera de ônibus, da perua escolar, da entrada para o teatro etc.)”, Marina constatou em seu primeiro pós-doutorado que as crianças “simplesmente vivem o momento, na companhia dos adultos que esperam”. Ou seja, a criança “busca usufruir o tempo do aqui-agora”, mergulhar nas “experiências dos arredores”. Diferente do adulto, que vive na pré-ocupação mental, a criança está ativa em sua presença corporal e imagética.
DO LIVRO
A colheita, neste segundo projeto agora concretizado em livro, acontecerá depois da publicação, mediante leitura, debate e retorno dos leitores praticantes dos exercícios de agachamento poético –marca da minha experiência de quarentena, no ano de 2020. Sem abrir mão de divulgar a perspectiva artístico-existencial, o lastro do projeto “de gabinete” expandiu-se, encontrando lugar em reflexões e experiências formativas com adultos – especialmente educadoras da pequena infância. O desejo é de continuar praticando a fenomenologia da criança como método de investigação, questionamento e acolhimento das infâncias concretas, cotidianas, brasileiras.
A partir de uma hipótese diagnóstica de que muitos adultos se encontram com extrema dificuldade para imaginar, alguns deles inclusive reprovando a imaginação das crianças e dos jovens (em nome de algo negativo que chamei de realismo, em sentido estrito), meu trabalho voltou-se para a criação de textos, microdramaturgias a serem lidas e “praticadas” – mais do que encenadas – pelo adulto leitor.
O desafio proposto é a visita adulta, por meio da palavra poética, às maneiras de ser e estar das crianças pequenas, para encher-se de memórias e imaginações. Transbordar-se. Assim, o resultado esperado das visitas, práticas de exercícios de agachamento poético, acontecimentos entre abrir e fechar os olhos para imaginar situações, será a proximidade e a compreensão de como as crianças vivem o mundo compartilhado.
Prescrevo aos adultos que trabalham com crianças, e aos pais, cuidadores, familiares que convivem com elas, uma dose maciça de imaginação. Tirem seus sapatos – concreta e simbolicamente – voltando sua atenção para os pés descalços, como sinal de simplicidade e de despojamento, mas não pisem em pregos, nem em caco de vidro, nem em cobra venenosa, só imaginem, e contem “causos” sobre…
Não é fake news, é a verdade do ator e do poeta. É também a verdade da criança durante a brincadeira de faz de conta.
Junto com linhas do tempo, façam linhas do espaço: geografizem seus pensamentos, espacializem suas imaginações. A paisagem, o horizonte, o arredor está ali para ser incorporado: em vocês, entre vocês e as crianças, entre vocês e sua comunidade.
Junto com a simplicidade do pé descalço, dancem passinhos espirais, não lineares. Deem pequenos pulos.
Pratiquem muito o silêncio e a câmera lenta.
Pensem que o adulto, especialmente o professor de artes, pode ser performer – e um aprendiz da criança, ela mesma mestra em improviso.
Pensem na docência em artes como improviso33: não por amadorismo,mas por amor à sua profissão. Não se imponham o papel de animador, nem se obriguem performar alegria…! Será permitido tematizar tristeza e luto.
Retornem ao ato fundamental de imaginar, e, na invisibilidade, ensinem as crianças a ser narradoras de si mesmas.
Sugiro que comecem assim:
Quem é você?
As crianças confinadas pelo advento do novo coronavírus certamente ficarão marcadas em suas biografias de maneira intensa: suspensão do abraço, do contato físico com avós, ruptura do fluxo de continuidade da vida social escolar e em grupos de convívio; em muitos casos, aumento da pressão familiar em lares conflituosos; vítimas de abuso físico, sexual ou moral, na convivência com adultos comandantes.
Winnicott, médico pediatra e psicanalista inglês que viveu duas guerras mundiais, sempre alertou a comunidade adulta para a gravidade das experiências de ruptura na infância. O psicanalista mostrou como podemos acolher, conversar, dizer a verdade, proporcionar continuidades possíveis, o que inclui garantir espaços e tempos de brincar – maneiras preventivas de sofrimento psíquico e adoecimento.
SUMARIO
Apresentação: À Amizade - Carminda Mendes André
Introdução: Quem Sou e Como Construía Perspectiva Artístico-Existencial
1 A Perspectiva Artístico-Existencial nas quebradas entre psicanálise e filosofia, encontro uma poética própria
2 Mergulho em Práticas de Solidão Compartilhada curativos para a falta de imaginação adulta
3 Intimidade, Humor e Outra Temporalidade
Conclusões em Duas Vias Imaginativas uma hermenêutica, outra criativa
Glossário
Referências
Agradecimentos
FICHA TÉCNICA
Perspectivas em Cena [PC.07]
Assunto: Pedagogia / Psicologia Infantil / Arte-Educação
Formato: Impresso - brochura
224 páginas
ISBN 978-65-5505-149-0
R$ 57,40
EBOOK
ISBN 978-65-5505-150-6
Lançamento 26 maio
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