REVOLUÇÃO EM MENTE: A Criação da Psicanálise
George Makari
Prefácio: Rafael Alves Lima
Tradução: Paulo Sérgio de Souza Jr.
SINOPSE
Revolução em Mente não é um livro de psicanálise. Não pretende ser uma defesa ou um ataque a ela, tampouco elabora e desenvolve conceitos psicanalíticos e sua aplicabilidade clínica. Em vez disso, o psiquiatra estadunidense George Makari, hoje um dos maiores especialistas na história da psicanálise, busca resgatar a evolução ou a "criação" da psicanálise como um movimento intelectual, uma abordagem psicológica e filosófica da mente e uma nova forma de pensar.
Dividido em três partes, o livro detalha o processo de elaboração da teoria psicanalítica (com Kant, Comte, Ribot e Charcot), passa pela constituição da escola freudiana e conclui com a institucionalização da psicanálise e sua difusão na Inglaterra e nos EUA, onde novos nomes já se destacam e as mulheres passam a ter uma presença marcante. Analisa e descreve a atuação de suas grandes personagens, com órbitas mais próximas ou mais distantes do seu criador, Sigmund Freud, suas abordagens, as aberturas para novos entendimentos e a ampliação das fronteiras de exploração do campo. Anna Freud, Josef Breuer, Karl Abraham, Sándor Ferenczi, Fritz Wittels, Karl Kraus, Carl Jung, Eugen Bleuler, Wilhelm Reich, Melanie Klein, Ernest Jones, Karen Horney, James Stracher e Alfred Adler, entre outros, tecem uma teia de relações com suas contribuições teóricas, mas também com suas personalidades multifacetadas e seus objetivos, nem sempre claros para eles mesmos, e conflitantes ou coincidentes com os do próprio “pai da psicanálise”.
Uma obra ímpar, profunda e erudita, mas de leitura agradável, imprescindível para todos os que se interessam pelas aventuras da mente humana, em geral, e para qualquer pessoa que queira compreender o que é a psicanálise, como ela se desenvolveu e, em particular, como ela representa os percursos e desvios do pensamento ocidental contemporâneo.
Fonte: https://www.psychiatrist.com/jcp/revolution-mind-creation-psychoanalysis/
QUARTA-CAPA
Inovador, perspicaz e de leitura envolvente, Revolução em Mente vai além do mito e da polêmica para nos contar a história de um dos empreendimentos intelectuais mais controversos e importantes da modernidade. George Makari demonstra em uma narrativa magistral como uma nova forma de pensar sobre a vida interior conquistou seguidores que difundiram esse pensamento por todo o Ocidente.
Muito além de Freud e Jung, ao longo do caminho, ele apresenta ao leitor uma fascinante variedade de personagens, muitas delas ignoradas ou esquecidas.
GEORGE MAKARI
Com formação pela Universidade Brown, pela Cornell University Medical College e pelo Columbia Psychoanalytic Center, o historiador, psicanalista e psiquiatra George Makari é diretor do Instituto DeWitt Wallace de Psiquiatria: História, Política e Artes, e professor de psiquiatria no Weill Cornell Medical College, onde também exerce a prática clínica. Por mais de uma década, dirigiu a clínica de psicoterapia de baixo custo Payne Whitney. Ele é ainda professor convidado nas universidades Rockefeller e Columbia University Center for Psychoanalytic Training and Research. Autor laureado, escreveu, entre outros, Of Fear and Strangers: A History of Xenophobia (vencedor do Anis¬ eld-Wolf Book Award, do Elisabeth Young-Bruehl Prejudice Award e do The New York Times Editor’s Choice); Soul Machine: ¬ e Invention of the Modern Mind (Livro do Ano do ¬ e Guardian) e este magistral e amplamente aclamado Revolution in Mind: ¬ The Creation of Psychoanalysis. Traduzido em dez idiomas, seus ensaios foram publicados na ¬ The New Yorker, na ¬ The Atlantic, no ¬ The New York Times e na Los Angeles Review of Books.
COLEÇÃO PERSPECTIVAS
A coleção Perspectivas abriga textos e ensaios de qualidade nas áreas de biografia e história, e também para grandes ensaios relevantes em seus campos de análise.
DA CAPA
Imagem da capa: arte a partir da obra de Liubov Popova, design têxtil, 1924.
ORELHA [Paulo Sérgio de Souza Jr]
Quando a obstinação recebe um bom destino, as tarefas de historiador e investigador confundem laboriosamente as suas malhas. Nas trilhas de um desejo perseverante, lá vai o incansável seguidor de pistas, amealhando rastros nas páginas em cujas lombadas, mais cedo ou mais tarde, ele vai tropeçar em cheio. O apaixonado pelo detalhe ruma ao encalço das eventuais pontas soltas de quem cometera a contravenção teórica quase perfeita; e a sua sorte é deparar-se pelo caminho com punhados de letras, caídas da pena do meliante em rota de fuga, para entretelá-las ao pano de fundo, à cena de um crime em ¬filigrana, com o desvelo de um bicho-da-seda. O fato é que disso resulta um inquérito drapejado, em que perito e réu acabam tão rentes um ao outro que já não sabemos quem é quem. Textos sobre textos, sem dó nem piedade, surrupiam-se mutuamente: na revolução da letra, a¬final, não há por onde abotoar a culpa. É assim, sem medo de morder a língua ou deixar pelas prateleiras as suas digitais, que George Makari vasculha os vieses, cavas e vincos de uma história confeccionada a tantas linhas. Seu intuito, denunciado já no título da obra, é deslindar a trama do principal suspeito por perpetrar a teoria psicanalítica: achar os ¬ fios da meada enlaçando esse alguém que, sem outra saída, teve em mente nada menos que uma revolução na mente; uma façanha que lhe quitasse as dívidas com a própria obstinação investigadora e (auto-)historiográ¬fica – cada um tem os credores que merece! O que o autor nos mostra com esmero, contudo, é que, apesar de ter urdido seus atos com ardil, Sigmund Freud, criminoso confesso, contou com o atenuante de ter sido fruto de sua época; mas também de ter recebido, no corte ou na costura de feitos que trespassaram também a ele, a cumplicidade de muitas outras autorias cujo forro pespontava desse mesmo tecido aqui denominado a criação da psicanálise.
TRECHOS
DO PREFÁCIO [Rafael Alves de Lima]
Espécime raro entre os livros de história da psicanálise, Revolução em Mente faz uma história intelectual do freudismo notável. Narra a saga freudiana em busca da originalidade de sua teoria, corroborada em um complexo cálculo de aproximação e distância entre seus pares e ímpares. É evidente que, a depender da profundidade que se queira ter sobre algum personagem dessa história em específico, certos comentários ou interpretações mais sintéticas soarão injustas. Quando isso acontecer, recomenda- -se ao leitor: procurar as fontes citadas, ler os originais e reformular as interpretações visando um retrato mais justo. Com o perdão da platitude: não existe e é desejável que nem venha mesmo a existir algo como uma versão derradeira da história. Pois bem, se é assim que a (boa) história deve se comportar, admitindo sua incompletude – e no caso da história da psicanálise não há razão para supor algo diferente disso –, provoquemos Revolução em Mente para que ele possa ser assimilado como uma extraordinária plataforma interpretativa aberta e sujeita a críticas, repleta de dados e indicações de fontes primárias, sobretudo para os já devidamente iniciados. Já para aqueles que estão à procura de um livro de história da psicanálise imponente e bem escrito para adentrarem no estudo de Freud e dos freudianos, com a devida profundidade narrativa, que se beneficia da pesquisa rigorosa e da coragem analítica, vale dizer que a leitura deste livro decerto provocará a curiosidade que ocorrências e conceitos psicanalíticos habitualmente provocam. Da próxima vez que te (ou se) perguntarem: “por onde posso começar a estudar a história da psicanálise?”, Revolução em Mente há de ser lembrado como uma ótima resposta atualizada – ou, melhor ainda, como uma ótima “pergunta devolvida”, como gostamos os psicanalistas: que tal este aqui?
DO LIVRO
[PRÓLOGO]
Sigmund Freud foi um gênio. Sigmund Freud foi uma fraude. Sigmund Freud foi realmente um homem de letras, ou quiçá um filósofo ou um criptobiologista. Sigmund Freud descobriu a psicanálise ao mergulhar fundo em seus próprios sonhos e penetrar os mistérios de seus pacientes. Sigmund Freud roubou de outras pessoas a maior parte das suas ideias boas, e o restante ele tirou da imaginação – que, por sinal, ele tinha de sobra. Freud foi o criador de uma nova ciência da mente, que dominou o mundo ocidental durante boa parte do século XX. Freud foi um ilusionista, em nada cientí- fico, que produziu um delírio em massa. Quem foi Freud? Quem são os freudianos, os psicanalistas freudianos, os psicanalistas? E quem somos nós, aqueles de nós que, no Ocidente, deparamos com os termos e conceitos da psicanálise permeando o nosso linguajar cotidiano, modificando nos mais íntimos níveis o modo como pensamos a respeito de nós mesmos, envolvendo-nos no que o poeta W.H. Auden chamou de “todo um clima de opinião”?
[...]
Em 1886, um professor de medicina francês da cidade interiorana de Nancy anunciou que Charcot, o mestre decodificador da histeria, havia sucumbido a uma espécie de histeria. Em poucos anos, ficou evidente que era verdade; e como consequência disso, muito da obra de Charcot sobre histeria e hipnotismo estava errado. Esse iminente desastre compeliu Freud a amadurecer rapidamente, passando de acólito a pensador mais independente, à medida que foi tendo de se mexer desesperadamente para reformular as suas próprias posições. Embora se ativesse aos objetivos da psicologia científica e às noções charcotianas de trauma psíquico, Freud acabaria aceitando que as maiores realizações parisienses no entendimento das neuroses eram invenções de sua própria imaginação.
[...]
Na segunda metade do século XIX, as causas hereditárias eram extremamente populares na medicina francesa, particularmente na psiquiatria. Diante da esmagadora complexidade das esferas nervosa, cerebral, mental, pessoal, comportamental e social, os médicos franceses viram a hereditariedade como uma resposta coringa para perguntas que, na verdade, eles não conseguiam compreender.
[...]
Entre 1885 e 1905, Freud se ocupou da psicopatologia francesa, da biofísica e da psicofísica alemãs, e da sexologia numa tentativa de dar sentido às desconcertantes forças psíquicas que pareciam causar enfermidades. Ele adentrou cada um desses campos, dominou os detalhes de cada discurso, e então estipulou soluções, modificações ou revisões para problemas prementes que cada disciplina enfrentava. As soluções de Freud eram organizadas por dois compromissos de longa data que haviam sido articulados por Théodule Ribot em 1870: ele se recusava a eliminar da psicologia a experiência interna, subjetiva, embora insistisse que o conhecimento psicológico fosse, de alguma forma, tornado científico. Essas preocupações, por vezes concorrentes, organizavam e infundiam os novos contornos que Freud deu a esses campos e, no fim, tornaram-se a espinha dorsal de um novo campo freudiano.
Já em 1899, Freud havia visto os delineamentos dessa extraordinária síntese se aproximando. Depois de concluir o livro sobre os sonhos, anunciou a Wilhelm Fliess que estava quase terminando “o primeiro terço da grande tarefa”. Então ele listou os elementos dessa tarefa: “1. O orgânico-sexual; 2. o factual-clínico; 3. o metapsicológico.”138 Por volta de 1905, Freud havia concluído o trabalho. A libido causava as disrupções psíquicas na psiconeurose e era a fonte do desejo inconsciente nos sonhos. Ambos surgiam da pressão da pulsão sexual. O inconsciente incognoscível-em-si havia sido recém-definido de um modo que aclarava as fundações do modelo freudiano. O inconsciente não precisava ser descoberto caso a caso, pois se estava dizendo que ele era universalmente habitado por uma pulsão altamente conservada, a qual Freud definiu de uma maneira coerente com os dados evolutivos e antropológicos. Os problemas de conhecer o mundo interno de outrem diminuíram: todos os humanos eram conduzidos pela libido.
A libido era a fonte da energia da mente e a causa do conflito psíquico perpétuo. Os estranhos estados mentais dissociados estudados por psicopatologistas franceses poderiam ser redefinidos: eles se deviam não à hereditariedade degenerativa, mas a rupturas na consciência causadas pelo recalcamento e pelas pulsões sexuais inconscientes. As distorções e ilusões subjetivas que os psicofísicos pesquisavam poderiam ser estudadas por meio de uma psicofísica interna na qual a libido inconsciente distorcia a consciência. A libido freudiana também aclarava os debates quanto ao papel da natureza e da criação na diferença sexual, e expandia enormemente o domínio da sexologia. Em vez de ser apenas a investigação de ações, comportamentos e desejos manifestamente sexuais, Freud havia tornado a sexualidade central ao funcionamento de toda psicologia.
SUMARIO
Prefácio_ Rafael Alves Lima
Nota de Edição
Prólogo
Parte I Confeccionando a Teoria Freudiana
1 Uma Mente Para a Ciência
2 Cidade de Espelhos, Cidade de Sonhos
3 O Matrimônio Infeliz Entre Psiquê e Eros
Parte II Confeccionando os Freudianos
4 Viena
5 Zurique
6 A Internacional dos Freudianos
7 Integração/Desintegração
Parte III Confeccionando a Psicanálise
8 Tudo Pode Perecer
9 Em Busca de um Novo Centro
10 Uma Nova Psicanálise
11 A Psicopolítica da Liberdade
Epílogo
Notas
Autorizações
Créditos das Ilustrações
Índice
Agradecimentos
FICHA TÉCNICA
George Makari
Prefácio: Rafael Alves Lima
Tradução: Paulo Sérgio de Souza Jr.
Coleção Perspectivas
Assunto: Psicanálise
Formato brochura
16 x 23 cm
512 páginas
ISBN 978-65-5505-205-3
Lançamento 8 nov
EBOOK
ISBN 978-65-5505-206-0
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