VARIAÇÕES RÍTMICAS VIVAS NA ATUAÇÃO CÊNICA
Vinícius Albricker
SINOPSE
O que é ritmo? O que é vida?
Quais são as conexões entre ritmo, vida e atuação cênica?
Quais são os princípios da arte e da vida que podem definir o que são o ritmo vivo e a atuação viva?
Este livro, fruto de uma extensa pesquisa, mergulha profundamente na relação entre ritmo, vida e atuação cênica. Busca desvendar o que caracteriza um ritmo e uma atuação genuinamente vivos no palco, explorando os seus princípios artísticos e existenciais.
Partindo da conceituação geral de ritmo (nos dicionários e na música), e sua diferença para andamento, o livro amplia esse conceito e sua relação com a cena viva, introduzindo o leitor na abordagem dos mestres russos do teatro: Stanislávski (e seu “teatro vivo”), Meierhold (e a biomecânica) e Vakhtângov (com o teatro orgânico), além Jaques-Dalcroze.
Em seguida, na trilha dos dramaturgos russos e de outros realizadores mais recentes, como Peter Brook, o autor analisa as formas de atuação no teatro, as relações entre ator e diretor e como a cena contemporânea visa alcançar o que ele denomina “variações rítmicas vivas”. Para isso, lança mão inclusive de reflexões emprestadas das ciências (principalmente da física e da biologia) e mergulha no pensamento do realizador inglês Declan Donnellan (e seu conceito de “alvo” e da atuação como um reflexo).
Indo além do debate conceitual, a obra propõe os princípios e as práticas para o trabalho do ator. De forma criativa, aqui e ali ao longo do texto, o leitor irá se deparar com recursos tipográficos, esquemas, quadros, ilustrações e imagens que o autor utiliza com o intuito de proporcionar ao leitor uma experiência que ultrapasse em parte o signo verbal.
QUARTA-CAPA
O que é ritmo? O que é vida?
Quais são as conexões entre ritmo, vida e atuação cênica?
Quais são os princípios da arte e da vida que podem definir o que são o ritmo vivo e a atuação viva?
É a essas questões que Vinícius Albricker se dedica neste Variações Rítmicas Vivas na Atuação Cênica, da coleção CLAPS. Partindo de Constantin Stanislávski e de outros mestres do teatro russo e mergulhando no pensamento do diretor inglês Declan Donnellan – além de abordar teóricos da música, da biologia e da física – ele delineia os conceitos de ritmo e vida na atuação, propondo princípios e práticas para o trabalho do ator de teatro.
VINICIUS ALBRICKER
É doutor em Artes da Cena pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também realizou mestrado e bacharelado em Interpretação Teatral com formação complementar em Música, atualmente é professor da Escola de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), onde ministra aulas de atuação, voz, ritmo e musicalidade e coordena o Laboratório de Estudos Vocais, Cênicos e Musicais. Além de docente e pesquisador, atua desde 2006 como diretor, ator e músico, com múltiplas experiências artísticas nos campos do teatro e da música.
COLEÇÃO CLAPS
Centro Latino-Americano de Pesquisa Stanislávski
A iniciativa do Teatro Escola Macunaíma em parceria com a editora Perspectiva traz ao leitor brasileiro livros sobre a prática e o treinamento para estudantes e profissionais ligados às artes da encenação, tendo como pano de fundo a obra e a atuação fundamentais do grande mestre russo, Constantin Stanislávski, cujo método e cuja atuação como diretor pensador foi inaugural para o teatro moderno e contemporâneo. Os títulos são selecionados pela comissão editorial do Claps.
ORELHA, por Ernani Maletta
Penso que duas palavras sintetizem com propriedade a atuação de Vinícius Albricker, como artista, professor e pesquisador: atrevimento e coragem. E era de se esperar que ao escrever este seu primeiro livro, essas características fossem superlativas. Dito e feito. Ele decide esmiuçar, detalhar, destrinchar, desfiar, circunstanciar dois conceitos cuja amplidão de sentidos é infinita: RITMO e VIDA!
Ritmo é uma daquelas ideias que nos desafiam com uma ambiguidade: todos temos pelo menos uma noção do que seja, mas não nos peçam para explicar! E, quando nos atrevemos a definir ritmo, é quase impossível contemplar a riqueza de possibilidades que esse conceito compreende.
Por sua vez, como abordar o sentido de vida? Por onde começar? Que ponto de vista eleger? Nesse ponto, ele esbanja atrevimento e coragem, pois mergulha na biologia, biomusicologia, ecologia, física, e nos guia por uma via de compreensão que esses múltiplos caminhos iluminam.
Tenho um grande prazer em afirmar que Vinícius cumpre brilhantemente o desafio ao qual se propôs. Com uma belíssima escrita polifônica, plena de jogos multimodais e na qual se entrelaçam palavras, imagens, formas, movimentos, ele nos mostra que, em particular na atuação cênica, ritmo produz vida.
No princípio era o ritmo. O fim, a vida.
CONTRIBUIÇÕES DA OBRA
1. Oferece uma nova perspectiva sobre o ritmo na atuação cênica.
2. Contribui para a formação de atores mais expressivos e autênticos.
3. Apresenta ferramentas práticas para o trabalho do diretor e do professor.
4. Estimula a reflexão sobre a natureza da arte e da vida.
PÚBLICO-ALVO
A obra se destina a atores, diretores, professores de teatro, pesquisadores da área e todos aqueles interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre a atuação e o processo criativo.
TRECHOS
“No teatro, na música, nas outras artes, na natureza, no universo, o ritmo não é um fenômeno que escorre como um rio ou como qualquer outro tipo de fluido; o ritmo é um fenômeno que implica o escoramento em e de obstáculos. “Escoramento em obstáculos” significa escorar-se neles, no sentido de apoiar-se, sustentar-se, amparar-se neles; já “escoramento de obstáculos” significa escorá-los, no sentido de resistir a, de tentar deter o avanço, golpe ou ataque de alguma coisa ou alguém [...].”
“Reagir é algo inerente ao processo da vida. Um espetáculo de improvisação vivo é aquele que consegue se desenrolar em uma cadeia de reações surpreendentes, cheio de variações rítmicas espontâneas. Mas e em um espetáculo ensaiado? Nesse caso, dificilmente a atuação e seus ritmos serão tão espontâneos quanto na improvisação. Recuperando a provocação de Peter Brook, como impedir que a repetição mate a vida da atuação? Ao longo do processo criativo de um espetáculo ensaiado, ritmos vivos e mortos sucederão; o diretor e os atores, provavelmente, preferirão os vivos. Mas como saber priorizar os mecanismos que favorecem ritmos vivos, e não mortos? Nesse caso, o artista tem que contar com a sua memória.”
“Mas o que as entropias do universo e da vida têm a ver com o ator? Quais são as conexões que vejo entre a atuação cênica e os sistemas abertos, que fazem homeostase, mantendo-se afastados do equilíbrio, alimentando-se de energia do meio?
No teatro, para dar conta de sustentar a vida da atuação cênica, com variações rítmicas vivas, o ator teria que se afastar da ideia de equilíbrio – sem jamais ficar “estacionado”, ou estagnado, em relação ao seu papel – para não caminhar em direção à morte cênica. Nesse sentido, não estou sugerindo, de maneira alguma, que o ator tente ser desequilibrado para se sentir vivo em cena. A individualidade do ator, sua singularidade – para usar o termo de Declan Donnellan –, precisa ser preservada e desenvolvida e, para isso, é necessário ter alguma estabilidade (física, emocional, ética, de dedicação, de disciplina, entre outros fatores). Portanto, o termo “equilíbrio” não deve ser compreendido aqui como uma atitude ou uma qualidade harmoniosa e moderada, próprias do senso comum, mas sim como a ausência da mutabilidade inerente à vida.”
“A atuação cênica viva é composta por uma rede de conexões, entre ritmos reagindo uns aos outros, o que resulta em um encadeamento de variações vivas. Transpondo esse raciocínio para a natureza da vida, observo que o ritmo de um sistema vivo provoca transformações no de outros sistemas vivos, em uma imensa rede de sutis conexões. E se pensarmos geologicamente, perceberemos que o ritmo de vários fenômenos tais como as placas tectônicas, o degelo dos polos, a maré, o Sol, todos influem uns nos outros, podendo causar os mais diversos fenômenos, tais como furacões, erupções vulcânicas, terremotos etc. que, com seus próprios ritmos, acabarão afetando o ritmo de países, cidades, bairros, famílias, indivíduos, células…”
“Cultivar é uma palavra que implica empenho, cuidado e dedicação. Na agricultura, o cultivo pressupõe o preparo do solo. E esse preparo envolve procedimentos específicos, que variam conforme o tipo de semente que se pretende plantar. Vislumbro um ator que floresce sua atuação como um sistema vivo. Para cultivar essa espécie, integrada ao ecossistema vivo do espetáculo, penso ser indispensável preparar o solo propício para a germinação. Isso me leva a afirmar que os ritmos vivos emanam do alvo, porque o conceito de Donnellan apresenta-se como uma ferramenta bastante adequada para o tipo de cultivo a que me refiro.”
SUMARIO
Introdução
1. O Ritmo
O Que Dizem os Dicionários de Teatro Sobre Andamento e Ritmo?
O Que Dizem os Dicionários de Música Sobre Andamento e Ritmo?
Diferenças Entre Andamento e Ritmo na Atuação Cênica
O Ritmo Vai… Escoando ou se Escorando?
Quantidade e Qualidade na Sensação do Ritmo
Andamento e Ritmo em Stanislávski e Jaques-Dalcroze
Ampliando o Conceito de Ritmo
2. A Atuação Viva
Stanislávski, o Desbravador do Universo da Vida Cênica
O Ator Preciso e Surpreendente em Meierhold
Vakhtângov e a Teatralidade Orgânica: Um Elo Entre Meierhold e Stanislávski
A Faísca de Vida Buscada Por Peter Brook
A Atuação Viva Segundo Declan Donnellan
Visitando o Conceito de Vida na Ciência
Afinal, o Que É a Atuação Cênica Viva e o Que São as Variações Rítmicas Vivas
3: Os Ritmos Vivos Emanam do Alvo
O Alvo: A Fonte da Energia do Ator
Verbos: As Notas Musicais do Ator
O Invisível Não É Obrigado a se Manifestar no Visível
Marcação Versus Reação na Relação Entre Ator e Diretor
O Espaço Vivo Como Alvo
Preparando o Solo
Considerações Finais
Referências
Anexo: Esquema do Sistema de Stanislávski
Lista de Ilustrações
Agradecimentos
FICHA TÉCNICA
Vinncius Albricker
Texto: Ernani Maletta (UFMG)
Coleção Claps
Teatro / Pedagogia do Teatro
Impresso em brochura
14 x 21 cm
336 páginas
ISBN 978-65-5505-223-7
R$ 84,90
lombada 2,1 cm
peso 374 g
Lançamento 26 dez
EBOOK
ISBN 978-65-5505-224-4
1 x de R$84,90 sem juros | Total R$84,90 | |
2 x de R$44,68 | Total R$89,37 | |
3 x de R$30,30 | Total R$90,89 | |
4 x de R$23,11 | Total R$92,43 | |
5 x de R$18,80 | Total R$93,99 | |
6 x de R$15,93 | Total R$95,56 |