A OBRA DE ARTE VIVA E OUTROS TEXTOS
ADOLPHE APPIA
Seleção e Tradução: J. Guinsburg
Prefácio: Cibele Forjaz Simões
SINOPSE
Dentre os nomes dos grandes renovadores do fazer teatral do início do século XX, que impulsionaram a arte da encenação para a modernidade, Adolphe Appia é presença tão marcante quanto Gordon Craig, Stanislávski ou Meierhold. As propostas de uma organização cênica em múltiplos planos e especialmente a concepção do espetáculo com a iluminação atuante e a composição musical como elemento organizador fizeram –e fazem— deste arquiteto e coreógrafo um dos mais influentes dos últimos cem anos. Esta edição marca ainda a última empreitada editorial de J. Guinsburg, com a seleção e a tradução dos textos.
QUARTA-CAPA
Adolphe Appia é uma das personalidades de destaque na renovação estética do teatro ocidental no início do século XX. Arquiteto por formação, cenógrafo por vocação, gênio por natureza, revolucionou o espaço cênico ao propor o uso de diferentes planos e de uma iluminação atuante, tendo a música como elemento ordenador.
Appia foi também um filósofo do fazer teatral, e se seus escritos trazem um olhar perspicaz sobre o futuro do teatro, revelam ainda um autor capaz de expor conceitualmente com clareza e exatidão suas ideias sobre a natureza de todas as artes que tomam parte em uma encenação: a música, a luz, a pintura, a escultura, a literatura, a arte do ator. Este A Obra de Arte Viva e Outros Textos traz escritos realizados ao longo de três décadas, selecionados e traduzidos por J. Guinsburg, em um recorte que busca dar ao leitor uma visão a um só tempo ampla e profunda do pensamento que lançou as bases da cena moderna.
ADOLPHE APPIA
Cenógrafo e teórico do teatro, Adolphe Appia (1862-1928) nasceu e foi criado em Genebra, em uma família calvinista. Formou-se em Arquitetura e estudou Música nos conservatórios de Paris, Leipzig e Dresden, apaixonando-se pela obra dramática de Wagner. Em Paris, no hotel de Martine de Béhague, condessa de Béarn, grande incentivadora das artes, amiga dos simbolistas e que ali mandara fazer um teatro particular, pôde pela primeira vez expor suas ideias inovadoras sobre a cena. Em 1906, conheceu Émile Jaques-Dalcroze e, junto com Heinrich Tessenow, ajudou a criar o Instituto Jaques-Dalcroze. Inspirou muitos, como Jacques Copeau e Edward Gordon Craig, por exemplo, e foi inspirado não apenas por Wagner e Dalcroze, mas também por Meierhold.
DA CAPA
Imagem da capa: Adolphe Appia, Espaço Rítmico La Cascade, carvão, grafite e pastel branco sobre papel, 1909. Os esboços e desenhos de Appia são representações do que propõe como organização do palco, especialmente em relação à distribuição e sucessão de planos.
TRECHOS
DO PREFÁCIO
Cibele Forjaz Simões
Foi Jacó que me introduziu aos textos de Adolphe Appia, por sua importância para a Estética e História da Iluminação Cênica, mas também pela beleza de seus textos. Uma vez, quando conversávamos a respeito da importância da luz elétrica para o surgimento da encenação moderna, ele me contou sobre a concepção radical da luz para Adolphe Appia e me instigou a pesquisar o conceito de Luz Ativa, em seus textos teóricos. Para isso, me estimulou ferrenhamente a ler sua obra em francês, o que na época me parecia impossível. Mas para Jacó Guinsburg, o intelectual mais brilhante que já conheci, gênio autodidata, aprender a ler e, inclusive, a traduzir um texto em uma nova língua, porque era um autor ou obra necessária para uma pesquisa específica ou para o pensamento no Brasil, era a sua praia, ou melhor, a sua prática diária. Servir ao pensamento crítico, traduzir e editar o que fosse necessário, pesquisar ou ensinar o que fosse importante para o desenvolvimento intelectual no Brasil, para inovar a estética do teatro, instigar novas práticas para a “arte do futuro”, formadora de novas humanidades, esse era seu super objetivo
DO LIVRO
O aspecto do teatro antigo era também tão claramente inteligível como toda a vida dos antigos. Para o olho grego, de olhar claro e virgem, o acúmulo complexo do teatro moderno teria sido repugnante e despido de toda significação; ele julgava que o local de espetáculo devia ser circular em torno de uma pista, ou então em anfiteatro limitado por uma linha horizontal. Tudo aquilo que se acrescenta na pista ou além da linha que corta o anfiteatro não pertence mais à construção; são acessórios que é desejável dissimular ou, ao menos, não é possível distinguir do resto da construção por um caráter provisório e arbitrário.
A cena antiga não era como a nossa, era uma abertura pela qual se apresentava ao público, sobre um pequeno espaço, o resultado de uma infinita quantidade de esforços. O drama antigo era um ato e não um espetáculo; esse ato encarnava de um modo benfazejo o desejo insaciável da multidão; a alta parede da cena não escondia nada; não era uma cortina, mas um limite voluntariamente colocado entre o ato e o desejo. Ali, como alhures, o sentido da medida serviu maravilhosamente aos gregos. Esse sentido, nós não o possuímos e não podemos possuí-lo; nossa cena é, portanto, uma abertura sobre o desconhecido e o ilimitado, e não é dando ao jogo técnico da cenografia uma forma exterior e um papel no conjunto da construção que exprimiremos seja o que for nesse espaço imaginário onde nossa alma moderna precisa mergulhar.
Sob o império das necessidades materiais, o corpo age. Mas as emoções da alma repercutem igualmente no espaço pelo gesto. No entanto, os gestos não exprimem diretamente a vida de nossa alma. Sua intensidade variável e sua duração estão apenas em relações muito indiretas com as flutuações dessa vida interior e oculta. Nós podemos sofrer durante horas e só tê-lo indicado pelo gesto por um segundo. O gesto, em nossa vida cotidiana, é um signo, um índice; nada mais. Os atores o sabem e regulam seu jogo de representação pela contradição dessas durações: a da vida de nossa alma e a que lhe é diferente, a das revelações que nosso corpo faz. No tempo, nós vivemos, por consequência, diferentemente do que no espaço; e essa oposição anula, forçosamente, todas as manifestações de nossa existência integral; e talvez permaneceríamos, a esse respeito, enigmas vivos se não possuíssemos na música o soberano corretivo e ordenador, saído diretamente de nossa vida afetiva, e exprimindo-a sem outro controle que o de nossos sentimentos.
SUMÁRIO
Nota da Edição
Prefácio:
Adolphe Appia por J. Guinsburg [Cibele Forjaz Simões]
1 Notas Sobre o Teatro
2 A Música e o Cenário
3 A Ginástica Rítmica e o Teatro
4 A Ginástica Rítmica e a Luz
5 Estilo e Solidariedade
6 A Origem e os Primórdios da Ginástica Rítmica
7 A Obra de Arte Viva
8 A Encenação Como Meio de Expressão
9 A Encenação do Drama Wagneriano
FICHA TÉCNICA
Autor: Adolphe Appia
Seleção e Tradução: J. Guinsburg
Prefácio: Cibele Forjaz Simões
Assunto: Teatro
Formato impresso
brochura
16 x 23 cm
240 páginas
ISBN 978-65-5505-116-2
Lançamento 16 set
243 laudas
lombada 1,6 cm
peso 415 g
EBOOK
ISBN 978-65-5505-117-9
Lançamento 16 set
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