A REPRESENTAÇÃO DA CRIANÇA NA LITERATURA INFANTOJUVENIL
Rémi, Pinóquio e Peter Pan
ISABEL LOPES COELHO
Prefácio: João Luís Ceccantini
SINOPSE
Apesar da fulgurante produção de obras infantojuvenis no Brasil, a produção crítica desse campo ainda é tímida. O livro da editora e pesquisadora Isabel Lopes Coelho é, sem dúvida, uma importante contribuição para minorar essa lacuna, seja pela qualidade da escritura, que torna a leitura fluida, agradável e acessível, seja pela profundidade da análise crítica que nos oferece, ao se debruçar sobre três obras icônicas da era de ouro da literatura infantil, do século XIX: Sans Famille, Pinóquio e Peter e Wendy, em que mostra o surgimento da criança como sujeito na sociedade moderna, desejante de autonomia e de protagonismo.
QUARTA-CAPA
Se existe um campo que faz por merecer a atenção da pesquisa no Brasil, é o da literatura infantil.
Não nos faltam autores, editores ou livreiros oferecendo ao pequeno (e grande) leitor uma vasta gama de títulos importantes com grande qualidade editorial. Mas a literatura crítica desse gênero ainda não recebe o destaque que merece.
A REPRESENTAÇÃO DA CRIANÇA NA LITERATURA INFANTOJUVENIL: RÉMI, PINÓQUIO E PETER PAN, porém, pode estar inaugurando um novo momento na área. Pois o livro de Isabel Lopes Coelho é um exemplo de maturidade da crítica de literatura infantil entre nós, como bem destaca João Luís Ceccantini em seu prefácio. De cada um dos três clássicos do gênero, Coelho “pinça um excerto meticulosamente selecionado por seu potencial metonímico”, analisando-os “num estilo elegante e cheio de vida”, muito bem fundamentado na fortuna crítica internacional. Dessa composição de vozes, as três obras, e a literatura infantil como um todo, emergem ressignificadas, e o leitor adulto vai finalmente ser apresentado a essa criança que não é uma personagem plana, criada com propósitos edificantes, mas sim sujeito de sua(s) própria(s) história(s), em seus próprios termos.
SOBRE A AUTORA
ISABEL LOPES COELHO É doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada e mestre em Língua e Literatura Francesa, títulos obtidos na Universidade de São Paulo (USP). Por doze anos, esteve à frente do Núcleo Infantojuvenil da editora Cosac Naify, onde coordenou as publicações do catálogo infantojuvenil e das obras de crítica sobre o tema, trazendo para o Brasil autores importantes como Peter Hunt, Maria Nikolajeva e Sophie Van Der Linden, entre outros. Por esse trabalho, recebeu em 2012 o prêmio BOP – Best Children’s Publisher of the Year, concedido na Feira do Livro Infantil de Bolonha. Participou como convidada dos principais eventos internacionais dedicados à literatura infantil e do Programme Courants du Monde (Paris, 2012), além de ter sido bolsista no fellowship program da Internationale Jugendbibliothek (Munique, 2015).
Atualmente é publisher na FTD Educação e ministra cursos e palestras sobre literatura infantil e sobre o livro ilustrado.
TRECHOS
Historicamente, a literatura infantojuvenil tem como vocação a instrução, a formação de caráter. Reflete tanto as normas do “jogo social” como as do “jogo cultural”. Essa característica da literatura infantojuvenil nunca se perdeu. Porém, em algumas épocas, como no século XVIII, a porção “instrutiva” das histórias infantojuvenis tornou-se o objetivo principal das narrativas, em detrimento da construção literária propriamente dita.
A magia que a literatura infantojuvenil do século XIX jogaria sobre os leitores teria uma grande dose de realidade. A percepção de que a criança e o jovem são seres autônomos e a infância é uma fase preciosa da vida deslocou as narrativas dos castelos encantados para as ruas sujas das grandes cidades. A mudança temática das histórias para crianças e jovens necessariamente implicou uma nova forma de expressão, distanciando-se da estrutura do conto e aproximando -se da forma do romance.
Do Prefácio de João Luís Ceccantini
Como acontece a representação da infância na literatura infantojuvenil? […] De certa maneira, essa pergunta primordial sempre permeou os escritos para crianças e jovens. Pois a literatura infantojuvenil é tanto reflexo quanto produtora da imagem da infância. Um dos momentos históricos mais intrigantes da literatura infantojuvenil é justamente a partir da segunda metade do século XIX, quando essa representação se aproxima de um olhar mais realista. Reflexo de uma nova organização social pós-Revolução Francesa, a criança surge como protagonista, como heroína, guinando a estética dos textos para um caminho de extrema originalidade.
Na melhor influência que Auerbach [em Mimesis] pôde proporcionar, grande parte da motivação da escolha dessas obras deu-se por afinidades pessoais e experiências de leitura crítica, o que não dispensa o argumento científico. […]
Este livro procura captar um espírito de época, investigar as ambições literárias de escritores, descrever a forma estética das obras, sem perder a conexão com o ambiente histórico. Tenta, ainda, traçar os limites e as confluências entre o mundo objetivo e o ficcional, e como a estética narrativa é ao mesmo tempo fruto e agente da construção de valores que organizam as sociedades e as culturas.
SOBRE A CAPA
Imagem da capa: intervenção sobre a gravura “Let Him Keep Who Can”, de F.D. Bedford, para a primeira edição de Peter and Wendy, em 1911.
SUMÁRIO
Prefácio – João Luís Ceccantini
Nota introdutória
1. A REPRESENTAÇÃO DA INFÂNCIA NO ROMANCE, O ROMANCE COMO FABULAÇÃO DA INFÂNCIA
2. “SANS FAMILLE” E O ROMANCE INFANTOJUVENIL REALISTA: A TRANSFORMAÇÃO DA CRIANÇA-OBJETO EM SUJEITO
A Criança-Objeto do Século XIX na Literatura Francesa: Ecos e Origens
O Quarto Estado Como Tema do Romance
Sans famille: Um Romance Pendular de Linguagem Dramática
3.AS TRANSFORMAÇÕES DE PINÓQUIO
O Romance Collodiano e o Papel da Criança no Risorgimento Italiano
Gêneros Literários e Fontes Presentes em As Aventuras de Pinóquio
As Transformações das Personagens-Brinquedos do Século XIX
A Revolução da Linguagem Literária em Pinóquio
4. “PETER E WENDY”: INVERSÃO DO FAZ DE CONTA; A REALIDADE DELIRANTE
Peter ou Wendy: Problemas na Definição do Herói
A Infância Vai ao Divã
“Surge Peter”
Peter Pan nas Obras de Barrie
Crianças Sem Coração
Entrevista Com Peter Hunt
Notas
Bibliografia
COLEÇÃO ESTUDOS
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Ficha Técnica:
Autora: Isabel Lopes Coelho
Prefácio: João Luís Ceccantini
Coleção: Estudos
Assunto: Literatura
Formato: Brochura
Dimensões: 13,5 x 22,5 cm
208 páginas
ISBN: 9786555050387
E-ISBN: 9786555050394
Preço E-book: R$ 39,90
Lançamento: 06/11/2020
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