ANNA FREUD, A TEORIA TEM SEUS PRAZERES
Elizabeth Danto
Prefácio: Marise Bartolozzi Bastos
Tradução: Margarida Goldsztajn
SINOPSE
Anna Freud, a Teoria Tem Seus Prazeres acompanha a jornada intelectual de Anna Freud por meio de uma ampla seleção de seus escritos, com introduções e análises críticas ao contexto realizadas pela professora e pesquisadora Elizabeth Ann Danto. Dividido em sete partes – “Análise Infantil”, “Educação”, “Psicanálise Comunitária”, “A Psicologia do Ego e os Mecanismos de Defesa”, “Pesquisa”, “Desenvolvimento Humano” e “Direito das Crianças” –, do livro emerge o lugar de uma pensadora mais atual, mais incisiva e mais surpreendente do que lhe é normalmente atribuído: o de uma pensadora engajada no processo de reformular suas próprias concepções dentro de ambientes sócio-históricos sempre em mudança, fascinada pelas diferenças destacadas entre a psicanálise com crianças e com adultos e atuante em defesa dos direitos das criaças. Estas páginas revelam uma intelectual cujos avanços na psicanálise superaram a cultura e as crenças de seu tempo.
QUARTA-CAPA
Anna Freud tem um legado a se considerar para além de uma certa displicência com que suas ideias vêm sendo consideradas. Primeiro, pelo seu pioneirismo ao perceber que a criança é dotada de subjetividade e capaz de elaborações e pode, portanto, ser beneficiada pelo tratamento clínico psicológico; segundo, por entender, trabalhando com crianças sem família e traumatizadas por um mundo em guerra, que a saúde mental delas é tão importante quanto sua educação formal; e terceiro, pelo esforço teórico de estabelecer pontes entre a clínica e a educação. A ideia de inclusão que hoje fundamenta o ensino tem tudo a ver com isso.
Anna Freud, a Teoria Tem Seus Prazeres acompanha a jornada intelectual de Anna Freud por meio de uma robusta seleção de artigos e conferências, com introduções ao contexto realizadas por Elizabeth Ann Danto. Das sete seções do livro, “Análise da Criança”, “Educação”, “Psicanálise Comunitária”, “A Psicologia do Ego e os Mecanismos de Defesa”, “Pesquisa”, “Desenvolvimento Humano” e “Direito das Crianças”, emerge um novo retrato: o de uma pensadora engajada no processo de reformular suas próprias concepções dentro de ambientes sócio-históricos sempre em mudança, fascinada pelas diferenças destacadas entre a psicanálise com crianças e com adultos e atuante em defesa dos direitos das crianças. Estas páginas revelam uma intelectual, cujos avanços na psicanálise superaram a cultura e as crenças de seu tempo.
ELIZABETH ANN DANTO
A professora Elizabeth Ann Danto é uma figura de destaque na academia e na pesquisa em serviço social e história da psicanálise, com contribuições significativas nessas áreas. Sua trajetória e trabalho são marcados por uma abordagem que integra justiça social, história e saúde mental.
Ela foi pioneira na pesquisa sobre as clínicas públicas de Freud em Viena. Danto desvendou um capítulo pouco conhecido da história da psicanálise: o movimento de clínicas psicanalíticas gratuitas na Europa entre 1918 e 1938. Seu livro As Clínicas Públicas de Freud: Psicanálise e Justiça Social (Perspectiva, 2019) mostra como Sigmund Freud e seus colaboradores defendiam o acesso gratuito à psicanálise para populações carentes, e que Freud tinha uma consciência política aguçada e visava transformar a psicanálise em uma ferramenta de emancipação social, desconstruindo a ideia de que a psicanálise era apenas para elites. Essa pesquisa ganhou prêmios como o Gradiva e o Goethe Prize, destacando seu rigor acadêmico e sua relevância.
Como professora emérita do Hunter College, Danto integrou a história da psicanálise com o serviço social, enfatizando a importância de políticas públicas de saúde mental. Sua atuação incluiu a coordenação de serviços sociais para trabalhadores e a formação de assistentes sociais com foco em competência cultural e justiça social e, assim, revitalizou o entendimento da psicanálise como um projeto socialmente engajado, destacando seu potencial democratizante e transformador.
ANNA FREUD (1895-1982)
Anna Freud foi uma das figuras mais importantes da psicanálise e da psicologia infantil, deixando um legado que transcendeu a sombra do seu pai, Sigmund Freud.
Sua obra, O Ego e os Mecanismos de Defesa (1936), descreveu estratégias inconscientes que o ego usa para lidar com ansiedade e conflitos, como repressão, negação, projeção, deslocamento e sublimação, e que esses mecanismos são universais, não patológicos, mas podem se tornar problemáticos se rígidos ou excessivos.
Ela foi uma das primeiras a adaptar a psicanálise para crianças, principalmente as pequenas, desenvolvendo métodos terapêuticos específicos para elas. Diferentemente dos adultos, essas crianças não expressam conflitos emocionais apenas pela fala, então Anna introduziu técnicas como brincadeiras e atividades criativas como forma de comunicação terapêutica e também defendia a inclusão da família e os educadores no processo terapêutico. Seus estudos sobre o desenvolvimento infantil e o trauma durante a Segunda Guerra Mundial, com crianças órfãs e evacuadas, mostrou como a estabilidade emocional depende de vínculos.
Suas contribuições revolucionaram o entendimento do desenvolvimento infantil, os mecanismos de defesa do ego e a prática clínica com crianças. Seu trabalho em clínicas como Hampstead Child Therapy Course and Clinic (hoje Anna Freud Centre), estabeleceu bases para a psicoterapia infantil moderna.
COLEÇÃO ESTUDOS
Coleção que conta atualmente com mais de trezentos títulos de filosofia, psicanálise, crítica, literatura, arquitetura, semiótica, entre outros que já se tornaram clássicos das ciências humanas, e que é voltada para abordagens que aprofundam e ampliam seus temas.
DA CAPA
Imagem da capa: Paul Klee, A Máquina de Trinar, óleo e aquarela sobre papel, 1921.
TRECHOS DO LIVRO
Os analistas de Hampstead perceberam que em tempos de guerra as crianças sofriam menos de uma sensação de perigo físico do que de apegos rompidos, privação emocional ou separação dos pais. À medida que as observações das crianças cresciam em escopo e profundidade, Anna Freud e Dorothy Burlingham desenvolveram relatos meticulosos de um modo de vida ao qual, em tempos de guerra, crianças e famílias estavam vinculadas. Elas se aprofundaram nos ritmos e rituais da vida das crianças na residência Hampstead e mostraram o quão diferentes as crianças são dos adultos em sua compreensão do tempo, do corpo e da individualidade. [E.A. Danto]
A técnica de análise infantil, na medida em que é especial em tudo, deriva de um fato muito simples: o de que o adulto é – pelo menos em um grau considerável – um ser maduro e independente, enquanto a criança é imatura e dependente. É evidente que para lidar com sujeitos tão diferentes o método não pode permanecer o mesmo. Muitos de seus elementos, importantes e significativos no caso de um adulto, perdem sua importância na nova situação; os papéis desempenhados por vários procedimentos auxiliares mudam: o que é necessário para o adulto pode ser arriscado para a criança.
Há pouco tempo, um tribunal alemão teve que pronunciar uma sentença em um caso de divórcio. No curso do processo judicial, surgiu a questão a qual dos pais a criança de dois anos deveria ser entregue. O advogado que representava o marido provou que a esposa, por conta de uma série de traços de caráter, não era devidamente qualificada para educar a criança. A isso, o advogado da esposa se opôs, afirmando que uma criança em seu segundo ano precisava apenas de cuidados, ainda não de educação. Para decidir o impasse foram consultados especialistas quanto ao momento em que a educação de uma criança deve começar. Os consultores pertenciam apenas em parte à escola psicanalítica e em parte a outras facções científicas mais ortodoxas. No entanto, todos concordaram unanimemente que a educação de uma criança começa com o primeiro dia de vida.
Temos todos os motivos para supor que, antes das descobertas da psicanálise, os especialistas teriam decidido de outra forma.
Porém, [em todos esses casos,] nunca são a força e a energia da criança que causam essa realização anormal de seus desejos emocionais, mas o comportamento anormal dos adultos que exploram os desejos da criança para a satisfação de suas próprias luxúrias. Na vida real, é, em geral, muito mais importante proteger a criança da violência do pai do que o pai da hostilidade da criança.
SUMARIO
Prefácio – Marise Bastos
Anna Freud: Datas Significativas
Introdução – Elizabeth Ann Danto
1. ANÁLISE INFANTIL
Quatro Palestras Sobre a Análise Infantil
Indicações e Contraindicações Para Análise Infantil
Uma Breve História da Análise Infantil
A Principal Tarefa da Análise Infantil
2. EDUCAÇÃO
Quatro Palestras Sobre Psicanálise Para Professores e Pais
Liberdade da Carência nos Anos Iniciais da Educação
Respondendo às Perguntas das Professoras
3. PSICANÁLISE COMUNITÁRIA
Sobre a Análise Infantil
O Instituto Psicanalítico Ideal: Uma Utopia
O Passado Revisitado
4. A PSICOLOGIA DO EGO E OS MECANISMOS DE DEFESA
As Operações Defensivas do Ego Consideradas Como Objeto de Análise
Os Mecanismos de Defesa
As Influências Mútuas no Desenvolvimento do Ego e do Id
Adolescência
5. PESQUISA
Agressão no Que Tange ao Desenvolvimento Emocional
Observações Sobre o Desenvolvimento Infantil
Estudos Clínicos em Psicanálise
6. DESENVOLVIMENTO HUMANO
Observações Sobre a Agressão
O Escopo Ampliado das Indicações Para a Psicanálise – Discussão
Observação de Crianças e Predição do Desenvolvimento
O Conceito de Linhas de Desenvolvimento
O Escopo Ampliado da Psicologia Infantil Psicanalítica, Normal e Anormal
7. OS DIREITOS DAS CRIANÇAS
Conhecimento Psicanalítico e Sua Aplicação aos Serviços Infantis
Sobre Continuidade, o Senso de Tempo de uma Criança e os Limites da Lei e da Predição
Laços Familiares Entre Crianças e Cuidadores de Longa Data Que Não São Seus Pais
Notas
FICHA TÉCNICA
Elizabeth Danto
Prefácio: Marise Bartolozzi Bastos
Tradução: Margarida Goldsztajn
Coleção Estudos
Educação, psicanálise
brochura
13,5 x 22,5 cm
464 páginas
ISBN 978-65-5505-256-5
Lançamento 13 out
EBOOK
ISBN 978-65-5505-257-2
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