É, sem dúvida, por um ângulo inusitado, em termos da literatura existente, que a psicanalista Maria Pierrakos desenvolve o seu depoimento crítico, que é ao mesmo tempo uma espécie de desabafo intelectual e pessoal, sobre Lacan e seus famosos seminários. Ocupando, por doze anos, a função de estenotipista oficial, a autora esteve presente a todas as aulas, ao lado do protagonista e diante da fiel platéia do Mestre. Nesta condição, seu papel consistiu apenas em transcrever as palavras e os ensinamentos proferidos pelo professor do alto de sua ciência, o que naturalmente não permitia exprimir pensamentos e opiniões possíveis da anotadora e, na própria medida de seu interesse pelo assunto, trouxe-lhe algumas frustrações, digamos psicanalíticas. Embora lograsse mais tarde desenhar um trajeto próprio na psicanálise e na antropologia, Pierrakos nos oferece uma leitura singular dos seminários, utilizando-se de sua vivência pretérita e de sua experiência como psicanalista. Assim, aponta, entre outras coisas, um exercício autoritário da condição do guru-analista, na pregação de suas idéias renovadoras da ciência e do saber freudianos, a revelarem-se a uma platéia submissa e quase fanática pelo ídolo. Por tudo isso, torna-se sugestivo o título desta obra, "A Batedora de Lacan", que, em tradução de Fabio e Eva Landa, entra para a coleção Elos da editora Perspectiva.
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ISBN: 9788527307109
Autor: Maria Pierrakos
Páginas: 72
Tradutor: Fabio Landa e Eva Landa
Coleção: ELOS/EL.56
Peso: 0,08 kg
Dimensões: 18 x 11 x 0,5 cm