NOVELAS, ESPELHO MÁGICO DA VIDA
QUANDO A REALIDADE SE CONFUNDE COM O ESPETÁCULO
Soleni Biscouto Fressato
SINOPSE
Neste livro, Soleni Biscouto Fressato desenvolve uma instigante reflexão sobre a interação entre as novelas televisivas e a vida cotidiana dos brasileiros. NOVELAS: ESPELHO MÁGICO DA VIDA (QUANDO A REALIDADE SE CONFUNDE COM O ESPETÁCULO) reflete com o rigor conceitual do cientista social e a prosa afetiva da espectadora sobre as influências que as novelas exercem e sofrem da sociedade, o papel que exercem junto à nossa subjetividade, a relação entre ficção e realidade a que dão vida, analisando-as em toda às complexas relações que estabelecem conosco.
QUARTA-CAPA
Conceitos como “indústria cultural”, “sociedade do espetáculo”, “era da imagem” são fundamentais, mas por si mesmas não dão conta da complexa relação que temos com a telenovela. Engajando e alienando, impondo padrões e se submetendo à pressão do público, essa produção, coletiva por excelência, é pensada aqui por SOLENI BISCOUTO FRESSATO em toda as suas múltiplas interações com várias realidades – social, psicológica, cultural, política etc.
Para lidar com esse fenômeno, NOVELAS, ESPELHO MÁGICO DA VIDA: QUANDO A REALIDADE SE CONFUNDE COM O ESPETÁCULO reflete tanto sobre a nossa sociedade como sobre a nossa subjetividade, e a interação entre ambas, de um ponto de vista firmemente alicerçado nas teorias mais atuais, impulsionado pela memória e pelo afeto. Afinal, este livro é também uma pequena história da telenovela, de alguns de seus momentos mais marcantes, e de sua recepção ao longo das últimas cinco décadas, uma história da qual todos nós fazemos parte.
SOLENI BISCOUTO FRESSATO
Historiadora, socióloga e estudiosa das artes visuais, é doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. É editora de Cinema e Cultura da Revista O Olho da História e pesquisadora do grupo Oficina Cinema-História, imagens e representações das formas de consciência e processos sociais. Publicou Caipira Sim, Trouxa Não: Representações da Cultura Popular no Cinema de Mazzaropi (EDUFBA, 2011) e co-organizou (com Jorge Nóvoa) Soou o Alarme: A Crise do Capitalismo Para Além da Pandemia (Perspectiva, 2020).
A COLEÇÃO ELOS
A coleção Elos é dedicada a "grandes textos curtos" de autores significativos, disponibilizados em pequeno formato, totalizando mais de sessenta títulos que abordam temas que vão da política (Os Nomes do Ódio, de Roberto Romano) à estética (O Prazer do Texto, de Roland Barthes), da filosofia à crítica literária, passando pela ficção, com trabalhos de Affonso Ávila, Boris Schnaiderman, Celso Lafer, Anatol Rosenfeld, Octavio Paz, E. Lévinas, I. Kant, Pierre Bourdieu, entre outros.
IMAGEM DA CAPA
Arte a partir de detalhe da logomarca da novela Espelho Mágico (Globo).
O QUE DIZ O AUTOR
Início com essas histórias pessoais, recobertas de significados, porque elas vêm ao encontro do conjunto de hipóteses defendidas neste livro: as telenovelas criam imagens-referências, que constroem formas de pensar e agir, veiculando elementos simbólicos significativos na formação da subjetividade. Elas também criam imagens positivas, muitas vezes equivocadas, e quase sempre com a capacidade de distorcer ou de camuflar a realidade socioeconômica, política e cultural do país.
TRECHOS
DO PREFÁCIO (de José D’Assunção Barros, PR5p15)
É esse olhar atento de historiadora e cientista social que a autora revela nas análises que desenvolve nos vários capítulos de seu instigante livro. As novelas, como realizações artísticas contraditórias, em sua capacidade de retratar e distorcer a realidade, interferem na vida social e são por ela afetadas. Agem sobre a realidade social que as envolve, no mundo dos espectadores, ao mesmo tempo que são produtos dessa mesma realidade. As novelas são realizações da própria história: são produzidas por um grupo específico de realizadores (diretores, roteiristas, atores, profissionais diversos, financiadores), mas também são produzidas por uma realidade coletiva mais ampla, pois os espectadores e o mundo envolvente, a realidade política social, o que acontece ou pode acontecer no cotidiano, o homem e a mulher comum que assistem à novela ou que ouvem falar dela pelos que a assistiram, todo esse mundo humano coletivo e multidimensional, em última instância, é o verdadeiro autor das novelas, que nos chegam pela televisão. Por isso, coloca-se aqui a possibilidade dupla de analisar a sociedade através da novela e, inversamente, analisar a novela por intermédio da sociedade. É essa riquíssima interação entre a novela e a sociedade – entre esses dois mundos tão reais, cada um à sua maneira – que constitui o caminho de análise desenvolvido pela autora.
DO LIVRO
De acordo com Erika Thomas, as primeiras novelas brasileiras, independente de sua emissora, eram fortemente influenciadas pelo estilo dramático das radionovelas mexicanas, argentinas e cubanas1. A autora de destaque era a cubana Glória Magadan, que escreveu várias para a Rede Globo, até o início dos anos 1970. Apesar do sucesso das novelas de Magadan, elas não estavam relacionadas à realidade brasileira. A autora criava narrativas que se passavam na corte francesa, no Marrocos, no Japão ou na Espanha. As personagens eram condes, duques ou ciganos, não faltando os vilões cruéis, as mocinhas ingênuas e os galãs virtuosos. Em fins dos anos 1960, a TV Tupi investiu em novas fórmulas de linguagem, substituindo as fantasias dos dramalhões pela realidade do cotidiano. Mas foi a Rede Globo que resolveu transformar a novela numa “arte” brasileira, abandonando definitivamente o estilo melodramático e teatral latino-americano para criar um ritmo brasileiro, uma linguagem próxima da popular e focar em histórias sintonizadas com a realidade do país.
Benjamin se preocupou em pontuar e explicar diversos fenômenos associados à reprodutibilidade técnica da arte, destacando o papel da fotografia e do cinema. O ponto fundamental é a “desauratização da obra de arte” ou a “perda da aura”. Desde o paleolítico, com as pinturas rupestres, a arte possuía um “valor de culto”. As obras artísticas eram produzidas e conservadas secretas e suas importâncias estavam no fato de existirem e não de serem vistas. Secretas, vistas somente pelos “espíritos”, elas possuíam uma função ritualística, ligada à magia e ao religioso
[...] Para [Octavio] Paz, o mais interessante não são as mudanças nas representações do sentimento amoroso, mas, como existe uma continuidade de ideias, ou seja, desde o século XII, o amor vem sendo representado de várias formas, revelando certas mudanças, porém sua essência permanece a mesma, não foi alterada.
Essa situação se repete nas novelas. A representação do sentimento amoroso não difere entre uma novela e outra, como também percebe-se o diálogo entre essas representações e as literárias e mitológicas, [...].
O caráter contraditório das novelas, como defendi ao longo deste livro, se por um lado me ajudou a criar uma vida fantasiosa, fugindo e, de certa forma, suportando a vida real, por outro, também me ajudou a compreender aspectos da sociedade e me indicou alguns caminhos interessantes a trilhar. Muitas personagens me ajudaram a perceber e compreender as várias facetas humanas, que eu encontrava em mim mesma.
SUMARIO
Prefácio – José D’Assunção Barros
Abertura
Telenovelas: O Espetáculo Transformado em Laboratório de Reflexão
(Uma Introdução)
Capítulo 1
“Os Gigantes” da Rede Globo de Televisão
(Gênese e Sucesso das Telenovelas)
Capítulo 2
A Espetacularização da “Vida da Gente”
(Novelas Sob a Luz da Teoria Crítica)
Capítulo 3
No “Jogo da Vida”, o Amor É uma Dádiva
(Imagens Espetaculares do Sentimento Amoroso)
Capítulo 4
Tudo É Possível “Em Família”
(Múltiplas Imagens Fidedignas)
Capítulo 5
Coronel: “O Astro” das Novelas
(Imagens Espetaculares Desvelando a Subjetividade)
Capítulo 6
“Tempos Modernos” nas Novelas
(O Trabalho Espetacularizado, o Trabalhador Idealizado)
Último Capítulo
“O Pulo do Gato”das Novelas
(Narrativa Crítica às Margens do Velho Chico)
Créditos Finais
“Estrela-Guia” das Reflexões
(Referências)
Um Aparte “Totalmente Demais”:
(Referências das Novelas Citadas)
FICHA TÉCNICA
Soleni Biscouto Fressato
Prefácio: José D’Assunção Barros
Coleção: Elos
Televisão/Ciências Sociais
Impresso - brochura
11 x 18 cm
208 páginas
ISBN 978-65-5505-183-4
Lançamento 20 março
EBOOK - ISBN 978-65-5505-184-1
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